terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O Verdadeiro Amor Cristão





Parábolas de S. Lucas
Parábola do Bom Samaritano

“Próximo... é o que usa de misericórdia” (Lc 10,36-37)

A palavra «misericórdia» deixou de fazer parte da linguagem comum.
Para muitos, poderá ser estranho e até desconfortável falar dela,
pois estamos num tempo em que o homem quer ser
«autónomo e seguro de si». Além disso, esta palavra
parece evocar experiências eclesiais já esquecidas ou «superadas».

1. O Samaritano ou a escandalosa proximidade
e universalidade do Reino

■A redação de Lucas

Em Lc 10,25-37 temos dois diálogos (25-29 e 36-37) e um monólogo (30-35). Lucas fez deste e daqueles um todo. Não quer isto dizer que ele tenha sido o seu criador, mas tão-somente que o conjunto é sua obra literária pela redação, estilo e vocabulário.

Contudo, podemos perguntar-nos: os diálogos e o monólogo (parábola) já seriam um todo? Parece que não, porque a resposta de Jesus, no v. 28, é positiva: «Respondeste bem, faz isso e viverás», como também acontece em Mc 12,34, onde não se percebe qualquer intenção conflituosa. Ora o v. 29 sublinha a intenção hostil do doutor da Lei. É, pois, pouco provável que o primeiro redator dessa fonte tivesse colocado lado a lado uma nota positiva e outra negativa.

Quanto ao v. 29, ele vive da tensão com o v. 36. Segundo o v. 29: «Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?”». A resposta era óbvia: o viajante ferido! Mas, depois de ouvida a parábola e a pergunta de Jesus tudo muda: o Mestre tinha introduzido uma ruptura na mentalidade corrente, ao ponto de tornar impossível não só a resposta como a própria pergunta. Para o futuro não haverá discurso sério sobre o assunto sem a correspondente relação de ajuda.
O Evangelista terá, assim, concebido a ideia original de explicar o mandamento do amor ao próximo com a ajuda da parábola do bom samaritano. Talvez se tenha lembrado de Mc 12, 33b, onde um escriba comenta: «amar o próximo como a si mesmo vale mais do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios.» Importa sublinhar que o redator nada diz sobre o primeiro mandamento.

O diálogo é retomado nos vv. 36-37, e com ele regressa o termo ‘próximo’. Mas este chega renovado, com um novo conteúdo: passa de um significado passivo (de objeto) a um ativo (de sujeito). Estas duas acepções de ‘próximo’ e a consequente tensão introduzida no texto fazem-nos compreender, por uma lado, a dinâmica das parábolas de Jesus e, por outro, a intenção teológica de Lucas.

Na linha de J. Jeremias, podemos afirmar que o conceito de ‘próximo’ é resultado, não ponto de partida da história, isto é, de uma relação; a interrogação deu lugar à ação: próximo é aquele que ama, que manifesta o seu amor por gestos concretos de misericórdia.

Não há, por isso, lugar a uma qualquer casuística do amor. O que conta não é saber a quem devo amar, mas sim amar; dito de outro modo, segundo J. Fitzmyer, “o amor não define o seu objeto”. De fato, ao dar ao termo ‘próximo’ o sentido de «aquele que ama», Lucas inova e deixa de haver continuidade com Lv 19,18b: «amarás o teu próximo como a ti mesmo». Na verdade, podemos dizer que este preceito é esquecido e a atenção vai toda noutra direção: o próximo foi o Samaritano! Como tal estão ultrapassadas todas as barreiras étnicas.


A intenção de Jesus

Quanto à questão de saber se a parábola do bom Samaritano é obra de Lucas ou remonta a Cristo, parece pois razoável pensar que, se Lucas introduz a parábola como forma de revolucionar a acepção corrente de ‘próximo’, é porque a tinha já à sua disposição. Como sabemos, os discípulos não criaram, mas transmitiram as parábolas contadas por Jesus. É, pois, legítimo pensar que Jesus tenha sido o seu autor.

Sendo assim, importa indagar qual teria sido a intenção primeira do Senhor ao contá-la; Lucas é o único evangelista que a usa. Depois, na estrutura do seu Evangelho, situa-a no início da longa caminhada para Jerusalém e surge dentro do diálogo de Jesus com um doutor da Lei. O assunto em discussão prendia-se com o modo de «possuir a vida eterna». Jesus teria podido responder-lhe de forma académica, mas optou por contar uma história susceptível de interessar a uma criança, sem necessidade de explicações.

Ao fazer entrar em cena dois representantes da religião oficial, não parece que Jesus tenha querido virar o seu auditório contra os sacerdotes e levitas. Se assim fosse, o mais lógico seria escolher, para terceiro interveniente, um leigo judeu. Mas o que Ele criou foi um escândalo, ao apresentar um Samaritano. Este é um ‘herético’ e, segundo o ensino dos rabis, era equiparado aos pagãos, sem qualquer direito a figurar nos preceitos que regiam o amor ao próximo.

Também não podemos dizer que Jesus, ao fazer esta escolha, tenha querido ser simpático para com os Samaritanos, porque então estaria a provocar a ira dos seus ouvintes. Tem de haver, por isso, uma motivação mais profunda. Nesta parábola Jesus não Se serve de uma imagem para falar do Reino de Deus, mas de um exemplo concreto, a todos os títulos desconcertante para um judeu. A resposta do doutor da Lei não podia ser outra, impunha-se por si. Ela emerge dentro de um novo contexto criado pela parábola. Neste contexto, podemos «afirmar que Jesus contou a parábola porque a misericórdia constitui uma parte essencial da sua mensagem. Deus reina onde os homens começam a comportar-se como o Samaritano. Agir como o Samaritano, eis o que testemunha sempre e em toda a parte o acontecimento do Reino de Deus» (Lambrecht).

Ora Jesus já estava a fazê-lo e, por isso, era criticado e acusado injustamente. Deste modo, o relato não é apenas uma exortação moral do anúncio do Reino de Deus, mas uma defesa sua e uma justificação da sua missão e pretensão messiânicas.


2. O exemplo do Samaritano ou a permanente
provocação da misericórdia divina

Na parábola, o momento decisivo em que tudo muda, encontramo-lo no terceiro passante, um Samaritano, que, vendo um homem meio-morto, «se encheu de compaixão» (Lc 10,33). Os dois primeiros, ao vê-lo, passaram ao largo. Viram, mas foi estéril o seu ver. O ver do Samaritano é profundo: vai-lhe dos olhos ao coração e dali brota aquela improvisação que só a fantasia da caridade sabe fazer.


«Encheu-se de compaixão»
(Lc 10,33)

Esta expressão conduz-nos a um dos momentos mais belos da revelação do «coração misericordioso do nosso Deus» (Lc 1,78) e faz-nos pensar na comoção visceral que assaltou o Pai misericordioso ao ver regressar o seu filho (Lc 15,20). Diz-nos Lucas que Ele, «enchendo-se de compaixão», correu a abraçá-lo. Tanto o Pai como o Samaritano passam do ver ao comover-se e deste aos gestos de misericórdia.

O Antigo Testamento descreve-nos o agir de Deus com termos hebraicos: hesed e rahamim. O primeiro designa uma profunda atitude de ‘bondade’ e exprime uma relação de fidelidade entre dois seres. Quando se refere a Deus, quer expressar amor mais potente que a traição e graça mais forte do que o pecado. Se Israel não pode ter pretensões em relação ao amor (hesed) de Deus, dado o seu pecado, pode e deve ter confiança, porque o Deus da Aliança é “responsável pelo seu amor”.

O outro temo hebraico (rahamim) exprime o apego instintivo de um ser a outro. Este sentimento, segundo os semitas, tem a sua sede no seio materno (1Rs 3,26), nas entranhas e traduz-se imediatamente em atos: de compaixão, numa situação trágica (Sl 106,45) ou de perdão, nas ofensas (Dl 9,9). O Antigo Testamento atribui a Deus estas características quando, ao falar d’Ele, usa o termo rahamim. Diz-nos Isaías: «Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria» (49,15).

Em certo sentido, os termos hesed e rahamim expressam, respectivamente, a dimensão masculina e feminina do agir divino. A sua tradução oscila entre misericórdia e amor, mas o que emerge é a manifestação da ternura de Deus perante a miséria humana, convite permanente para que sejamos misericordiosos uns para com os outros.


Jesus, revelador do «coração misericordioso do nosso Deus» (Lc 1,78)

Não parece ser possível ler de outro modo a experiência que Jesus nos revela do Pai. Nela não há lugar para um Deus indiferente, “legislador”, justiceiro ou irritado com os pecados e erros dos seus filhos. Para Jesus, como já o reconhecia o Antigo Testamento, Deus é compaixão: é entranhas (rahamim). Este é o seu modo de agir e reagir perante os seus filhos. Deus sente por eles o que uma mãe sente pelo filho que tem no seu ventre. Deus tem-nos nas suas entranhas. A parábola do Pai misericordioso (Lc 15,11-32) apresenta Deus como um pai comovido até às entranhas pelo regresso do seu filho. Ao vê-lo, corre ao seu encontro, abraça-o, beija-o e convida a família para a festa!

Este é o mistério do amor misericordioso de Deus. O que Jesus procurou fazer durante toda a sua vida foi instaurar na história este modo de proceder. Deus é grande e santo porque ama a todos sem excepção e de todos se quer compadecer. Neste contexto, a misericórdia não é mais um atributo divino, mas a própria maneira de ser de Deus.

A revelação do coração do Pai dá-nos a medida exata do modo de ser e agir do Jesus: Ele identifica-se com o Pai. O seu programa, depois de vencidas as tentações do demônio no deserto (Mt 4,1-12) – que Lhe queria impor outra imagem de Deus – declara-o na sinagoga de Nazaré ao proclamar o ano jubilar (Lc 4,18-19), o ano da misericórdia do Senhor. Curioso é notar que Jesus interrompeu a leitura de Isaías precisamente antes de anunciar «o dia da vingança da parte do nosso Deus» (Is 61,2b), como que a dizer, esse não é o meu Pai e Deus das Misericórdias que vos quero revelar.

Jesus viveu toda a sua vida fazendo-se próximo dos deserdados da vida, para lhes mostrar que eles têm um lugar especial no coração de Deus. E, se a sua ação não significou logo o fim da fome e da miséria, como acontece ainda hoje, ela deu origem a uma permanente revolução na história, em nome da dignidade indestrutível de todo o ser humano. Deus está do seu lado e luta pela sua causa. Quem mais se quer juntar a Ele?

Jesus foi o primeiro a fazê-lo: não excluía ninguém. Tinha amigos entre as prostitutas e os publicanos (Lc 7,34). Todos, menos aos que se consideravam cumpridores, se sentiam bem junto d’Ele, porque intuíam que ali havia um novo caminho para Deus: eles sentiam-se amados e perdoados mesmo antes de o pedirem.
O Deus de Jesus Cristo é amor e misericórdia e, por isso, diz aos fariseus de então e de sempre: «Ide aprender o que significa: prefiro a misericórdia aos sacrifícios» (Mt 9,13).


O Sábado Sagrado.



Nesta semana, a esotérica Marina Gold publicou no portal Terra um artigo interessante em que menciona o sábado como uma das soluções para um problema atual que ela chama de "doença do tempo". Ela escreveu: "Estamos imersos em tempos furiosos. As pessoas vivem rotinas repletas de obrigações, apressadas, frenéticas, correndo sem parar para cá e para lá. Parece que um gigantesco cronômetro martela em nossas cabeças para que não deixemos de aproveitar cada migalha de tempo, encaixando mais e mais tarefas nas já apertadas horas de nossos dias. ... Por que será que todo mundo está sempre com tanta pressa? Não seria possível e mesmo necessário dar uma maneirada? A pressão é grande e a velocidade não é sempre, ao contrário do que se propala, a melhor opção. Maximizar a eficiência é bastante interessante em muitas áreas da atividade humana, porém, como bem alertava o sensível Carlitos (Charles Chaplin), o homem precisa ser tratado de forma diferente da máquina, com generosidade. "Os japoneses criaram recentemente uma palavra, karoshi, para designar morte por excesso de trabalho. Os americanos não usufruem integralmente de seus períodos de férias, os ingleses vão trabalhar mesmo quando estão doentes. Pessoas cansadas cometem erros perigosos, comprometem a segurança, se tornam explosivas. Os países mais acelerados são os mais gordos, com altas taxas de consumo de álcool e drogas e distúrbios do sono elevados. O estresse coloca em risco a saúde ao provocar doenças cardíacas, digestivas, dermatológicas e, claro, psiquiátricas. O custo orgânico é alto, um verdadeiro desafio para a área da saúde pública. ..."É preciso escapar dessa corrida maluca. Correr menos com os e-mails, com o supermercado, com a ginástica, com os relacionamentos, com os automóveis. Encontrar um tempo mais acertado, mais justo, deixar serenar. ..."Sábia escolha a do descanso semanal instituído pelo monoteísmo dos judeus. O 'sábado' garantido e justificado por imposição divina, importante a ponto de ser um dos Dez Mandamentos. Perde-se na noite dos tempos tal determinação. Pastores e agricultores, após vencer uma semana animada de atividades, celebravam a vida com a melhor refeição, a melhor diversão e o melhor repouso. Desde então, muito progresso tecnológico foi alcançado, aumentamos bastante nosso bem-estar material. Diante disso, a pergunta: por que não ampliar o merecido descanso humano? Nossa espiritualidade agradeceria se a tratássemos melhor, não correndo desenfreadamente para lugar algum verdadeiramente significativo.



Nota: Pena que muitos cristãos não reconhecem o que uma espiritualista já percebeu: o sábado do quarto mandamento é uma bênção. "Eu lhes digo, respondeu Ele: ‘se eles se calarem, as pedras clamarão" (Lc 19:40, NVI).


O Santo Dia De Deus


É estranho que hoje, muitos cristãos aceitem os Dez mandamentos como sendo apenas nove. Uma religião foi mais longe e transformou os dez em oito, sumindo com o segundo e mudando o quarto, duplicando o décimo.
É estranho como as pessoas pensam… Vale o mandamento “Não matarás”, o “amarás a Deus sobre todas as coisas”, e até vale o “não levantarás falso testemunho”; mas o mandamento para “guardar o sábado”, este não vale. Agem como se o Sábado tivesse sido abolido, mudado, riscado, e cumprido. E os outros mandamentos? Não? Por que?
O Quarto Mandamento
Antes de continuar, vamos reler os Dez mandamentos, com estão na Bíblia. Você pode ler Êxodo 20: 3-17 na sua Bíblia ou conferir, nas primeiras páginas deste blog a sua transcrição.
Muito bem, agora que você já tem um visão geral do caráter de Deus e sua representação na Lei, vamos analisar o “polêmico” quarto mandamento.Qual é sua origem, sua importância, seu objetivo e, afinal, por que ele não é obedecido hoje em dia pela maioria dos cristãos?
O Sábado surgiu há muito e muito tempo atrás, junto com o primeiro homem. Na verdade, Deus fez o Sábado por causa dele, de Adão (sua nacionalidade não era judaica, portanto não é só para os Judeus. Também não havia um único Adventista ou Batista para que esse fosse exclusividade dessas religiões), importante lembrar também que o homem não havia pecado, portanto ele foi Santo antes de qualquer pecado. Com a criação, Deus estabeleceu a ordem que deveria governar o mundo. Criou o dia e a noite, a semana, os meses lunares, os anos solares, enfim, pôs tudo em ordem, como é de sua natureza e entregou tudo para o homem a fim de que este usufruísse da sua criação, com sabedoria. Junto com o “pacote” dado por Deus, veio o Sábado de descanso, criado por Ele para que, depois de seis dias de trabalho, o homem pudesse parar e se lembrar de que tudo o que ele tem vem de Deus, nosso Criador.


O Sábado foi criado por causa do homem. Leia o que Jesus disse:“ O Sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do Sábado.” Marcos 2:27


Da mesma forma pela qual Adão amava a Deus e procurava fazer a Sua vontade, também guardava o Sábado como memorial eterno daquele que o criará. Afinal, este foi um mandado especifico de Deus, e não houve nenhum dispositivo que o revogasse. E assim foi, de Adão para Sete, de Sete para Noé, de Noé para os patriarcas, todos passando as Leis (o caráter de Deus) para adiante, para seus filhos. Pois todos amavam a Deus, e, por conseqüência, queriam fazer a sua vontade. E assim foi, até que o povo de Israel foi transformado em escravo no Egito e se afastou da Lei de Deus por 400 anos. Nesse momento, quando a corrente de pai para filho se quebrou, Deus foi obrigado a reeducar o povo e a ensinar-lhe, não só os seus estatutos, mas também quem Ele era e o tamanho do seu amor pelo homem. Todas as lições, dadas a Israel no deserto, não traziam qualquer novidade. Eram, na verdade, reedições de preceitos divinos estabelecidos desde o principio dos tempos. Amor a Deus, amor ao próximo, a vinda do Messias e a necessidade de entregar o coração ao Salvador, tudo isso já tinha sido dado a Adão. O Sábado, como os outros mandamentos, foi reconfirmado e estabelecido mais uma vez como dia sagrado e como memorial da criação. Tão importante era a guarda deste dia, que Deus fez inúmeras promessas aos que respeitassem este preceito. Aliás, muito mais promessas do que qualquer outro mandamento, com exceção do primeiro. “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; mas se chamares ao Sábado deLeitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deLeitarás no Senhor. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra, e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do Senhor o disse.” Isaías 58:13-14
Muito bem, durante os séculos que se sucederam, tudo foi preservado como na criação. As medidas, reeditadas por Moisés, foram escritas e dirigiram a vida do povo escolhido por Deus na terra, aquele que deveria ser a testemunha fiel do seu amor pelo homem.
Até que um dia, na plenitude dos tempos, veio Jesus, o Messias.



Muitos crêem que, quando Jesus veio à terra, tudo mudou: a vontade de Deus, o caráter de Deus, e seu plano de Salvação.
Mas, se você leu a primeira parte do blog, você já sabe que não mudou; que nosso Deus é imutável, seu caráter é perfeito, que seu plano é completo. As mesmas oportunidades são dadas a todos os homens, não importa a época em que tenham nascido.
Veja o que Jesus disse:
“Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.” S. Mateus 5:17-18
“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos do meu Pai e no seu amor permaneço.” S. João 15:10
Jesus não só confirmou que seu Pai em nada muda, como também se esforçou em fazer a Sua vontade, guardando os Seus mandamentos. Em sua exortações, tanto em referência ao presente como ao futuro (após a sua morte), Jesus apoiava a guarda do Sábado.
“ Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num Sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.”Lucas 4:16
“Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é licito, nos sábados, fazer o bem.” Mateus 12:12
“Orai para que vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado” Mat. 24:20 (Referindo-se à destruição de Jerusalém em 70 d. C)
Pense comigo:
Se Jesus tivesse qualquer intenção de modificar algum dos mandamentos, especialmente o que se refere ao Sábado, você acha mesmo que Ele daria tanta ênfase à sua guarda?
Se Jesus veio para ensinar o verdadeiro caráter de Deus, e estabelecer uma nova religião, não deveria Ele viver de acordo com seus “novos” ensinamentos?
Se nós nos chamamos de Cristãos, não deveríamos agir como Cristo agiu? Então, saiba voce que Cristo não veio trazer nada de novo. O seu concerto com o homem é eterno. Ele veio, isto sim, restaurar a compreensão daquilo que ele já havia ordenado. O homem, através dos séculos, havia deturpado a sua santa Lei, acrescentando a ela regras e mais regras. O que Jesus fez foi tirar da Lei todas as coisas colocadas pelo homem e mostrar como Deus queria as coisas.Hoje, o Sábado não é diferente: é o mesmo Sábado guardado por Jesus. Seu mandamento é tão eterno como os outros mandamentos de Deus e Seu caráter.
Repare que até nas profecias sobre a Nova Terra (referência a Apocalipse), o Sábado está presente como dia especial, como dia de honra dentre os outros da semana, provando assim seu caráter imutável.
“Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro, virá toda carne a adorar perante mim, diz o Senhor.”Isaías 66:22-23


Lembremos sempre... guardar os mandamentos não salva, pois Cristo é o único caminho ao Céu, os mandamentos somente prova nosso amor para com Deus.

"Se me amais, guardai os meus mandamentos."João 14:15

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A Imutável Lei de Deus



Os Três Aspectos da Lei de Deus

Sl 119.73 - "As tuas mãos me fizeram e me afeiçoaram; ensina-me para que aprenda os teus mandamentos".

A Lei de Deus é um dos temas mais presentes nas Escrituras e, possivelmente, um dos mais mal compreendidos pelo Povo de Deus. Mesmo com o extenso tratamento que Paulo dá ao assunto, nos primeiros 8 capítulos da carta aos Romanos, muitos crentes compreendem a Lei apenas como uma expressão da atuação de Deus no Antigo Testamento, com pouco significado para os nossos dias. Não se disputa que a Lei de Deus contrasta com o pecado, mas existe uma atitude quase de desprezo, quanto à sua aplicação contemporânea. Precisamos dar a devida importância a esse tema tão precioso. O salmista Davi o o considerou tão importante que o colocou como pedra fundamental de todo o Salmo 119. Nesse salmo a Lei de Deus é mencionada sob vários sinônimos em praticamente todos os seus versículos. Necessitamos encontrar o papel da Lei na nossa vida diária e descobrir nela a misericórdia e graça de Deus para cada um de nós. Ela aponta a trilha correta a ser seguida, em nossa vida, e representa a expressão concreta do nosso amor para com ele.
Somos todos pecadores. Mas pecadores redimidos pelo sangue do nosso Senhor Jesus Cristo devem reconhecer que a Lei de Deus enfatiza tanto a sua santidade como a nossa insuficiência perante ele. Além disso, temos na Lei o caminho traçado por Deus para demonstrarmos amor a ele e ao nosso próximo. Não podemos conseguir a salvação seguindo leis, mas não devemos desprezar essa dádiva graciosa de Deus para nossa instrução. Ou seja, é verdade que não podemos conseguir a salvação seguindo a Lei. É igualmente verdade, entretanto, que demonstramos amor quando obedecemos os mandamentos de Deus (Jo 14.15, 21).
Uma das dificuldades no nosso entendimento desse assunto, é que a expressão "Lei de Deus" é bastante abrangente e pode ter vários significados e aspectos bíblicos. Necessitamos estudar especificamente aquilo que conhecemos como a Lei Moral de Deus. Mais precisamente, devemos examinar o resumo dessa Lei Moral apresentado pelo próprio Deus nos Dez Mandamentos e também por Jesus Cristo, na sua resposta aos Fariseus (Mt 22.34-40).
Os três aspectos da Lei de Deus.
Voltemos, portanto, à pergunta - o que é a Lei de Deus? Deus proferiu e revelou diversas determinações e deveres para o homem, em diferente épocas na história da humanidade. Sua vontade para o homem, constitui a sua Lei e ela representa o que é de melhor para os seus. Quando estudamos a Lei de Deus, mais detalhadamente, devemos, entretanto, discernir os diversos aspectos, apresentados na Bíblia, desta lei. Como devemos classificá-la e entendê-la? Muitos mal-entendidos e doutrinas erradas podem ser evitadas, se compreendermos que a Palavra de Deus apresenta os seguintes aspectos da lei:

1. A Lei Civil ou Judicial- Representa a legislação dada à sociedade ou ao estado de Israel, por ex.: os crimes contra a propriedade e suas respectivas punições.

2. A Lei Religiosa ou Cerimonial -Esta representa a legislação levítica do Velho Testamento, por ex.: os sacrifícios e todo aquele simbolismo cerimonial.

3. A Lei Moral -Representa a vontade de Deus para com o homem, no que diz respeito ao seu comportamento e seus deveres principais.

Mas como devemos entender a validade desses aspectos da lei? São todos válidos aos nossos dias? Quanto à aplicação da Lei, devemos exercitar a seguinte compreensão:
1. A Lei Civil: Tinha a finalidade de regular a sociedade civil do estado teocrático de Israel. Era temporal e necessária para a época à qual foi concedida, mas foi específica para aquele estado teocrático. Como tal, não é aplicável normativamente em nossa sociedade. Um exemplo de erro de compreensão é encontrado nos Adventistas do Sétimo Dia. Eles erram em querer aplicar parte dela, ao nosso dia-a-dia, mas terminam em incoerência, pois nunca vão conseguir aplicá-la, nem fazê-la requerida, em sua totalidade.
2. A Lei Religiosa : Tinha a finalidade de impressionar aos homens a santidade de Deus e concentrar suas atenções no Messias prometido, Cristo, fora do qual não há esperança. Como tal, foi cumprida com Sua vinda e não se aplica aos nossos dias. Mais uma vez, como exemplo de falta de compreensão desse aspecto da lei, temos os Adventistas, que erram em querer aplicar parte dela nos dias de hoje (como por exemplo as determinações dietéticas) e em misturá-la com a Lei Civil.
3. A Lei Moral : Tem a finalidade de deixar bem claro ao homem os seus deveres, revelando suas carências e auxiliando-o a discernir o bem do mal. Como tal, é aplicável em todas as épocas e ocasiões e assim foi apresentada por Jesus, que nunca a aboliu. Neste caso, os Adventistas acertam em considerá-la válida, porem erram em confundi-la e em misturá-la com as duas outras, prescrevendo uma aplicação confusa e desconexa.
Note que os Dez Mandamentos, ou a Lei Moral de Deus, possui validade total, isto é: tanto histórica - está entrelaçada na história da revelação de Deus e da redenção do seu Povo; como didática - ela nos ensina o respeito ao nosso Criador e aos nossos semelhantes; como reveladora - ela nos revela o caráter e a santidade de Deus, bem como a pecaminosidade das pessoas; como normativa - ela especifica com bastante clareza o procedimento requerido por Deus a cada uma das pessoas que habitam a sua criação, em todos os tempos.
Por outro lado, a Lei Religiosa ou Cerimonial, no cômputo geral, possui validade parcial, isto é: A validade histórica é total - está igualmente entrelaçada na história da revelação de Deus e da redenção do seu Povo; a validade didática também é total - cada detalhe dela demonstra a insuficiência dos sacrifícios repetitivos e a intensidade dos pecados individuais que nos separam de Deus; sua validade reveladora é também intensa (bastante), mas menor do que as duas precedentes - ela era mais reveladora para os santos do antigo testamento, apontando para o Messias, do que para nós, que contamos com a completa descrição histórica da vinda do Messias prometido, Jesus Cristo; Sua validade normativa, entretanto, não existe aos nossos dias - a Lei Cerimonial, tendo sido cumprida em Cristo, não tem validade normativa para aqueles que existem em nossa era, após a vinda do Messias prometido.
Os Dez Mandamentos.

Na dádiva das "Tábuas da Lei", ou seja nos Dez Mandamentos (Ex. 20:1-13), Deus resumiu a sua Lei Moral apresentando-a formalmente, e registrando-a, sucinta e objetivamente, para o benefício do seu povo.
É necessário atentarmos para o contexto histórico da ocasião. Foi a primeira vez que Deus falou coletivamente ao Seu Povo. Existiram inúmeras preparações necessárias para ouvi-lo. Essas estão todas relatadas em detalhes a partir do início do capítulo 19 do livro de Êxodo. Quando nós lemos os dois capítulos (19 e 20) cuidadosamente, procurando nos colocar na situação atravessada pelo Povo de Deus naquela ocasião, verificamos como o texto transmite o temor do povo perante a santidade de Deus. Isso é impressionante! Após ouvir ao Senhor e a Moisés, inicialmente, o povo suplicou a Moisés que intermediasse este contato com Deus, tamanho era o temor (20.19), perante a majestade do Deus soberano.
O incidente da dádiva da Lei, e os acontecimentos que se seguiram, evidenciam a fragilidade do Povo de Deus e do Homem, em geral. Após tal demonstração de poder e santidade, logo se esqueceram de suas obrigações e, evidenciando ingratidão, caíram em idolatria, adorando o bezerro de ouro (Ex 32). Isto mostra o desprezo do ser humano, caído, pela Lei.
Os Dez Mandamentos estabelecem obrigações e limites para o Homem. O seu estudo aprofundado mostra a sabedoria infinita de Deus, bem assim como a harmonia reinante em Sua Palavra. Revela também nossa insignificância perante Ele, nossa dependência e necessidade de redenção, em virtude do nosso pecado. O Homem pecou em Adão e desde então é incapaz de cumprir a Lei de Deus. Os Dez Mandamentos, reforçam nossas obrigações para com o nosso Criador, e para com os nossos semelhantes, em todos os sentidos.
Os Dez Mandamentos e o Amor - A Pergunta dos Fariseus.
Um incidente bíblico reafirma a validade da Lei Moral de Deus em todos os tempos, tanto na antiga como na nova aliança, e reforça o relacionamento da lei com o amor. Referimo-nos ao trecho encontrado em Mt 22.34-40. Os Fariseus não estavam inquirindo em sinceridade, mas queriam, como sempre, confundir a Jesus. Perguntaram a ele qual o maior dos mandamentos. Eles se entregavam a esse tipo de discussão continuamente e geravam grande controvérsia, com a defesa de um ou de outro mandamento. Nesse sentido, pensavam que qualquer que fosse a resposta de Jesus, iriam indispô-lo, com um grupo ou com outro. Jesus, entretanto, não cita nenhum mandamento específico do decálogo, mas faz referência, conjuntamente, a dois trechos conhecidos das Escrituras (Dt 6.5 e Lv 19.18), fornecendo um resumo dos dez mandamentos. Os dez mandamentos podem ser divididos da seguinte forma:
Mandamentos 1 a 4
Nossas obrigações para com o nosso criador - Deus
Mandamentos 5 a 10
Nossas obrigações para com o nossos semelhantes

Jesus apresenta exatamente esse entendimento da Lei, em Mt 22.37-40:
Mandamentos 1 a 4
V. 37 - Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
Mandamentos 5 a 10
V. 39 - Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Jesus Cristo, portanto, não descarta a lei. Ele foi o exemplo de cumprimento dela e aqui ele a resume, utilizando declarações do próprio Antigo Testamento. O seu ensino expande o entendimento anterior que se possuía da lei. Deus está interessado não apenas no cumprimento externo da lei - naquele evidenciado aos circunstantes, mas naquele cumprimento que procede de uma profunda convicção interna: do amor tanto por Deus como pelo próximo. Esse é o cumprimento que surge de uma vida transformada, tocada e operada pelo Espírito Santo de Deus.
Temos nos acostumado a considerar "amor" algo intangível, indescritível, totalmente subjetivo, abstrato. Mas o conceito bíblico do amor é bem diferente. Ele é tangível - somos recebedores e experimentamos o amor de Deus e temos a capacidade de amar a Deus e aos nossos semelhantes; ele é descritível (1 Co 13); ele é totalmente objetivo, mas, sobretudo, o verdadeiro amor se demonstra em ações concretas que agradam a Deus, pelo cumprimento de suas diretrizes (Jo 14.15 - "se me amais, guardareis os meus mandamentos"). Assim o amor se relaciona com a lei. A forma de demonstrarmos amor a Deus é pelo cumprimento de seus mandamentos, principalmente dos primeiros quatro, que representam nossas obrigações diretas para com ele. A forma de demonstrarmos amor para com o nosso próximo é demonstramos respeito através do preenchimento de nossas obrigações para com os nossos semelhantes - ou seja, pelo cumprimento dos últimos seis mandamentos.
A Lei de Deus Hoje.

Qual a nossa compreensão da lei de Deus? Estamos negligenciando o seu estudo? Estamos desprezando a sua validade, como um instrumento de direcionamento às nossas ações? Será que temos sentimentos de auto-justiça e estamos insensíveis quanto à nossa pecaminosidade e quebra dos preceitos divinos?
Vivemos numa era que despreza absolutos. Hoje em dia a filosofia "da hora" é dizer que não existe uma verdade, mas múltiplas "verdades", algumas dessas contraditórias entre si. Podemos ver como esse pensamento é contrário ao Deus vivo e verdadeiro e à sua revelação? Podemos ver que, na sua lei moral, ele indicou verdades absolutas que estabelecem a linha de demarcação entre o certo e o errado? Podemos entender, quando Jesus Cristo se apresenta como "o caminho, a verdade e a vida", que o pluralismo de opiniões, nas doutrinas cardeais da fé cristã, é uma idéia nociva à igreja de Deus?
Nosso grande desafio, em nossa era, é a apresentação de uma filosofia de vida que é absoluta e exclusivista em sua essência. A fé cristã verdadeira tem todas as suas premissas básicas estabelecidas na objetiva palavra de Deus, escrita para o nosso conhecimento real e verdadeiro e para o direcionamento dos nossos passos. Lembremo-nos das afirmações bíblicas sobre Deus e nosso mediador, Jesus Cristo: "Ouve, ó Israel, o Senhor vosso Deus, é o único Deus..." e "... ninguém vem ao pai, senão por mim..."
O ensinamento do Catecismo Maior de Westminster (perguntas 91 a 98):

P. 91. Qual é o dever que Deus requer do homem?

R. O dever que Deus requer do homem é obediência à sua vontade revelada.Ref. Dt 29.29; Mq 6.8; 1Sm 15.22

P. 92. Que revelou Deus primeiramente ao homem como regra da sua obediência?

R. A regra de obediência revelada a Adão no estado de inocência, e a todo o gênero humano nele, além do mandamento especial de não comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, foi a lei moral.Ref. Gn 1.27; Rm 10.5 e 2.14,15; Gn 2.17

P. 93. Que é a lei moral?
R. A lei moral é a declaração da vontade de Deus, feita ao gênero humano, dirigindo e obrigando todas as pessoas à conformidade e obediência perfeita e perpétua a ela - nos apetites e disposições do homem inteiro, alma e corpo, e no cumprimento de todos aqueles deveres de santidade e retidão que se devem a Deus e ao homem, prometendo vida pela obediência e ameaçando com a morte a violação dela.Ref. Dt 5.1, 31, 33; Lc 10.26-28; Gl 3.10; 1Ts 5.23; Lc 1.75; At 24.16; Rm 10.5

P. 94. É a lei moral de alguma utilidade ao homem depois da queda?
R. Embora nenhum homem, depois da queda, possa alcançar a retidão e a vida pela lei moral, todavia ela é de grande utilidade a todos os homens, tendo uma utilidade especial aos não regenerados e outra aos regenerados.Ref. Rm 8.3; Gl 2.16; 1Tm 1.8

P. 95. De que utilidade é a lei moral a todos os homens?
R. A lei moral é de utilidade a todos os homens, para os instruir sobre a natureza e vontade de Deus e sobre os seus deveres para com ele, obrigando-os a andar conforme a essa vontade; para os convencer de que são incapazes de a guardar e do estado poluto e pecaminoso da sua natureza, corações e vidas; para os humilhar, fazendo-os sentir o seu pecado e miséria, e assim ajudando-os a ver melhor como precisam de Cristo e da perfeição da sua obediência.Ref . Lv 20.7,8; Rm 7.12; Tg 2.10, 11; Mq 6.8; Sl 19.11,12; Rm 3.9, 20, 23 e 7.7, 9, 13; Gl 3.21,22; Rm 10.4.

P. 96. De que utilidade especial é a lei moral aos homens não regenerados?
R. A lei moral é de utilidade aos homens não regenerados para despertar as suas consciências a fim de fugirem da ira vindoura e forçá-los a recorrer a Cristo; ou para deixá-los inescusáveis e sob a maldição do pecado, se continuarem nesse estado e caminho.Ref. 1Tm 1.9,10; Gl 3.10, 24; Rm 1.20, 2.15.

P. 97. De que utilidade especial é a lei moral aos regenerados?
R. Embora os que são regenerados e crentes em Cristo sejam libertados da lei moral, como pacto de obras, de modo que nem são justificados, nem condenados por ela; contudo, além da utilidade geral desta lei comum a eles e a todos os homens é ela de utilidade especial para lhes mostrar quanto devem a Cristo por cumpri-la e sofrer a maldição dela, em lugar e para bem deles, e assim provocá-los a uma gratidão maior e a manifestar esta gratidão por maior cuidado da sua parte em conformarem-se a esta lei, como regra de sua obediência.Ref. Rm 6.14 e 7.4, 6; Gl 4.4,5; Rm 3.20 e 8.1, 34 e 7.24,25; Gl 3.13,14; Rm 8.3,4; 2Co 5.21; Cl 1.12-14; Rm 7.22 e 12.2; Tt 2.11-14.

P. 98. Onde se acha a lei moral resumidamente compreendida?
R. A lei moral acha-se resumidamente compreen­dida nos dez mandamentos, que foram dados pela voz de Deus no monte Sinai e por ele escritos em duas tábuas de pedra, e estão registrados no capítulo vigésimo do Êxodo. Os quatro primeiros mandamentos contêm os nossos deveres para com Deus e os outros seis os nossos deveres para com o homem.Ref. Dt 10.4; Mt 22.37-40.
A lei Moral ou os Dez Mandamentos será a norma de Julgamento de toda a humanidade:
"Abriu-se no Céu o templo de Deus e a arca do Seu concerto foi vista no Seu templo." (Apocalipse 11:19).
Resumo do Estudo:
A lei de Deus contém dez mandamentos.
A Bíblia diz em Êxodo 20:1-1
“Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim.
[2]Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.
[3]Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão.
[4]Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou.
[5]Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.
[6]Não matarás.
[7]Não adulterarás.
[8]Não furtarás.
[9]Não dirás falso testemunho contra o teu proximo.
[10]Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
Qual é princípio básico da lei de Deus? A Bíblia diz em Romanos 13:10 “O que ama ao seu próximo não lhe faz nenhum mal. Pois o amor é o cumprimento total da lei.” A lei de Deus resume-se em amor. A Bíblia diz em Mateus 22:37-40 “Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.”
Jesus ajuda-nos a clarificar a nossa relação com a lei de Deus. A Bíblia diz em Mateus 5:17-18 “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido.”
A lei de Deus oferece direcção na vida, não justificação. A Bíblia diz em Gálatas 2:15-16 “Nós, judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios, sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada.” É nosso dever obedecer a lei de Deus. A Bíblia diz em Eclesiastes 12:13 “Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é todo o dever do homem.”
Qual é a relação entre a lei e o pecado? A Bíblia diz em 1 João 3:4 “Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia.” É necessário guardar todos os mandamentos? A Bíblia diz em Tiago 2:10-11 “Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos. Porque o mesmo que disse: Não adulterarás, também disse: Não matarás. Ora, se não cometes adultério, mas és homicida, te hás tornado transgressor da lei.”
Podemos conhecer a Deus sem guardar os mandamentos? A Bíblia diz em 1 João 2:4-6 “Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade; mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que estamos nele; aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou.”
Qual é o propósito da lei? A Bíblia diz em Romanos 3:20 “Porquanto pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante dele; pois o que vem pela lei é o pleno conhecimento do pecado.”
Podemo-nos salvar observando a lei? A Bíblia diz em Romanos 3:27-31 “Onde está logo a jactância? Foi excluída. Por que lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé. Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. É porventura Deus somente dos judeus? Não é também dos gentios? Também dos gentios, certamente, se é que Deus é um só, que pela fé há de justificar a circuncisão, e também por meio da fé a incircuncisão. Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo nenhum; antes estabelecemos a lei.”

Hades Seol e Geena.



Hades é a transliteração comum para o português da palavra grega haídes, usada em várias traduções da Bíblia. Talvez signifique "o lugar não visto" ou "o lugar invisível".

Ocorrências no texto bíblico

A palavra Hades surge dez vezes nos mais antigos manuscritos das Escrituras Gregas Cristãs ou Novo Testamento.
Esta é a lista das dez ocorrências em dois dos Evangelhos, no Livro dos Atos e no Livro da Revelação ou Apocalipse:
Mateus 11:23; 16:18;
Lucas 10:15; 16:23;
Atos 2:27, 31;
Revelação ou Apocalipse 1:18; 6:8; 20:13, 14.

Hades e Seol

O termo haídes é o equivalente grego da palavra hebraica she'óhl, usualmente trasnsliterada para o português por Seol. Que ambas possuem o mesmo significado pode ser constatado ao se comparar a primeira tradução efectuada do texto das Escrituras Hebraicas para o grego na Septuaginta, ou versão dos LXX, produzida no Século III AEC. Esta tradução emprega a palavra haídes 60 vezes para traduzir a palavra hebraica sheóhl. Em Atos 2:27 surge outra evidência disto visto que o escritor usa a palavra grega haídes ao traduzir a citação que o apóstolo Pedro fez do Salmo 16:10, onde surge a palavra hebraica sheóhl. De modo inverso, várias modernas traduções hebraicas das Escrituras Gregas Cristãs usam a palavra "Seol" para traduzir Hades em Revelação ou Apocalipse 20:13, 14, e a tradução siríaca usa a palavra aparentada "Shiul".
Existe ainda uma outra palavra grega que surge doze vezes no texto bíblico e que é às vezes confundida com Hades. Trata-se da palavra grega géenna (uma forma grega do termo hebraico Geh Hinnóm ou "Vale de Hinom") e usualmente transliterada em português para Geena. Sobre esta palavra veja o artigo respectivo.

Como algumas traduções bíblicas vertem as palavras Hades e Seol
A versão Almeida, edição revista e corrigida, traduz haídes por "inferno" nos primeiros três e nos últimos quatro destes versículos. Nos outros três traduz por "Hades". No caso de sheóhl, esta tradução bíblica é mais abrangente vertendo em diversos locais por "inferno" e em outros por "sepultura", "sepulcro", ou "cova".
A versão Bíblia de Jerusalém, nova edição revista e ampliada, de 2002, traduz a palavra uma vez por "mansão dos mortos", duas vezes por "inferno", e as restantes sete por "Hades". Usualmente a palavra hebraica sheóhl é transliterada como Xeol.
A versão de Matos Soares, 36ª edição, traduziu haídes tanto por "inferno" como por "habitação dos mortos". Por sua vez, sheóhl é vertido por "inferno", "terra", "morte", "habitação dos mortos", "sepulcro", "sepultura" e transliterou uma vez por "Cheol".
A versão A Bíblia na Linguagem de Hoje traduz haídes por "inferno", "morte", "lugar onde estão os mortos" e "mundo dos mortos".
A tradução do Centro Bíblico Católico verte haídes por "inferno", "região dos mortos" e "morada subterrânea".
A versão Bíblia Sagrada Missionários da Difusora Bíblica Fransciscanos Capuchinhos, edição de 2002, traduz haídes por "abismo", "inferno", "morada dos mortos", e "habitação dos mortos". Ao traduzir a palavra sheóhl, esta tradução optou por usar expressões tais como "sepultura", "mundo dos mortos", "abismo", "morada dos mortos", "região dos mortos", "habitação dos mortos" ou "túmulo".
A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados efectua uma transliteração uniforme das dez ocorrências da palavra grega haídes por "Hades". Da mesma forma as 65 ocorrências de sheóhl, no texto hebraico, são uniformemente transliteradas por "Seol".
A versão Bíblia Pastoral da Editora São Paulo, edição de 1993, verte haídes por "inferno", "morte", e "região dos mortos", "morada dos mortos", "mundo dos mortos". Quanto a sheóhl usam-se expressões como "túmulo", "mansão dos mortos", "cova" ou "mundo dos mortos".
A tradução Padre António Pereira de Figueiredo, edição de 1900, verte a palavra haídes uniformemente por "inferno" nas dez ocorrências. Por sua vez a palavra hebraica sheóhl é traduzida por "inferno", "infernos", "sepultura" ou "sepulchro".

Significado do termo Hades na Bíblia

Uma análise imparcial e abrangente de todas as ocorrências da palavra "Seol" ou "Hades", incluindo o contexto em que surgem, revela que estão sempre associadas com a morte e os mortos, não com a vida e os vivos. Essas palavras, intrinsecamente, não contêm nenhuma idéia ou sugestão de prazer ou de dor. A palavra latina correspondente a Hades é inférnus (às vezes ínferus). Esta palavra significa "o que jaz por baixo; a região inferior", e se aplica bem ao domínio da sepultura. Ela é assim uma apta aproximação dos termos grego e hebraico, não no significado que a palavra portuguesa inferno veio a ter no imaginário popular, como um lugar de tormento ardente, mas sim como o lugar figurativo dos que estão mortos.
"Seol" ou "Hades" ou "Inferno" refere-se, portanto, a algo muito mais abrangente do que um túmulo individual ou até mesmo uma grande sepultura coletiva. Por exemplo, Isaías 5:14 diz que o Seol "escancarou a sua boca além de medida". Embora o Seol já tenha engolido, por assim dizer, um incontável número de mortos, parece que sempre anseia mais, conforme Provérbios 30:15, 16. Ao contrário de qualquer cova ou túmulo, que pode receber apenas um número limitado de mortos, "o Seol não se farta", conforme Provérbios 27:20. Este contexto dá a entender que o Seol nunca fica cheio ou que não tem limites. Portanto, Seol ou Hades não é um lugar literal num local específico. Depreende-se que é a sepultura comum ou geral da humanidade, o lugar figurativo onde se encontra a maioria dos humanos falecidos.
A Bíblia apresenta também a possibilidade de regressar do "Seol", "Hades" ou "Inferno" conforme 14:13, Atos 2:31 e Revelação ou Apocalipse 20:13. Mostra também que aqueles que estão no Seol, ou Hades, incluem não só os que serviram a Deus, mas também os que não O serviram. (Gênesis 37:35; Salmo 55:15) Portanto, a Bíblia ensina que haverá "uma ressurreição tanto de justos como de injustos", confome expresso em Atos 24:15.

Confusão sobre o significado do termo Hades

A utilização da palavra "inferno", que com o tempo ficou associada à ideia de tormento ardente, ou a falta de coerência na tradução desta palavra hebraica resultou em alguma confusão na mente dos leitores. Alguns eruditos mencionaram essa confusão nas seguintes declarações:
"Muita confusão e compreensão errada foram causadas pelo facto dos primitivos tradutores da Bíblia terem traduzido persistentemente o termo hebraico Seol e os termos gregos Hades e Geena pela palavra inferno. A simples transliteração destas palavras por parte dos tradutores das edições revisadas da Bíblia não bastou para eliminar apreciavelmente esta confusão e equívoco." (The Encyclopedia Americana, 1942, Vol. XIV, p. 81).
Sobre a associação da palavra "Hades" com um inferno de fogo, lugar de tormentos para as pessoas após a sua morte física, o glossário da Nouvelle Version da Sociedade Bíblica Francesa observa sob a expressão "habitação dos mortos":
"Esta expressão traduz a palavra grega Hades, que corresponde à hebraica Seol. É o lugar onde os mortos se encontram entre o seu falecimento e a sua ressurreição (Lucas 16:23; Atos 2:27, 31; Revelação ou Apocalipse 20:13, 14). Certas traduções verteram esta palavra erroneamente por inferno."


Geena é a transliteração comum para o português de um termo de origem grega: "géenna". Por sua vez, géenna origina-se do termo hebraico Geh Hinnóm (גֵיא בֶן-הִנֹּם) que significa literalmente "Vale de Hinom", e que veio a tornar-se um depósito fora de Jerusalém onde o lixo era incinerado.


Ocorrências no texto bíblico
Esta palavra grega surge doze vezes no texto bíblico, nos seguintes locais:
Mateus 5:22, 29, 30; 10:28; 18:9; 23:15, 33
Marcos 9:43, 45, 47
Lucas 12:5
Tiago 3:6

Localização geográfica

A pessoa cujo nome teria dado origem à designação deste vale não é conhecida, assim como também se desconhece o significado do próprio nome Hinom ou Enom.
É também referido no Antigo Testamento pelas seguintes expressões:
O "vale do(s) filho(s) de Hinom" (ou Ben-Enom)
Simplesmente o "Vale", como na expressão "Portão do Vale" (Josué 15:8; 2 Reis 23:10; Neemias 3:13)
É provável que a menção de "o vale dos cadáveres e das cinzas", em Jeremias 31:40 (BJ) também se refira a este local.
O vale de Hinom encontrava-se ao Sudoeste e ao Sul da antiga Jerusalém. (Josué 15:8; 18:16; Jeremias 19:2, 6). O vale estende-se para o Sul desde as imediações do actual Portão de Jaffa, conhecido em árabe por Bab-el-Khalil, vira abruptamente para o Este no canto Sudoeste da cidade, e segue ao longo do lado Sul ao encontro dos vales de Tiropeom e do Cédron, num ponto perto do canto Sudeste da cidade. Numa zona um pouco acima do local onde este vale converge com os vales do Tiropeom e do Cédron, existe uma área mais larga. Provavelmente era aqui a localização de Tofete (também grafado Tofet ou Tofeth, conforme as traduções), mencionado em 2 Reis 23:10. No lado Sul do vale, perto da sua extremidade oriental, encontra-se o lugar tradicional de Acéldama ou Hacéldama, o "Campo de Sangue", o campo do oleiro comprado com as 30 moedas de prata de Judas. (Mateus 27:3-10; Atos 1:18, 19) Mais para cima, o vale é bastante estreito e fundo, com muitas câmaras sepulcrais nos socalcos dos seus penhascos.
O vale de Hinom fazia parte da fronteira entre as tribos de Judá e de Benjamim, encontrando-se o território de Judá ao Sul, o que situava Jerusalém no território de Benjamim, conforme delineado em Josué 15:1, 8; 18:11, 16. O vale é agora conhecido como uádi er-Rababi (Ge Ben Hinnom).

Utilização do local

Durante o reinado de Acaz, rei de Judá, a Geena é mencionada como tendo sido usada para a prática de rituais de sacrifício humano em adoração a deuses das nações vizinhas, particularmente a Moloque (também grafado Moloc ou Moloch, conforme as traduções). Segundo mencionado em 2 Crónicas 28:1-3 era neste vale que tais práticas, que incluíam o sacrifício de crianças, eram realizadas. A Bíblia informa ali:
"Acaz subiu ao trono com vinte anos. E reinou dezesseis anos em Jerusalém. Não fez, como seu antepassado Davi, o que Javé aprova. Imitou o comportamento dos reis de Israel, fazendo estátuas para os ídolos. Queimou incenso no vale dos Filhos de Enom e chegou até a sacrificar seus filhos no fogo, conforme os costumes abomináveis das nações que Javé tinha expulsado de diante dos israelitas." (Bíblia Pastoral)
O neto de Acaz, o Rei Manassés, promovendo este tipo de prática degradante em grande escala, também veio a fazer "os seus próprios filhos passar pelo fogo no vale do filho de Hinom", conforme 2 Crónicas 33:1, 6, 9 (NM). O Rei Josias, neto de Manassés, finalmente acabou com esta prática por profanar este lugar, especialmente em Tofete,tornando-o impróprio para a adoração, talvez por espalhar ali ossos ou lixo, conforme 2 Reis 23:10 que informa:
"Também profanou a Tofeth, que está no vale dos filhos de Hinom, para que ninguém fizesse passar a seu filho, ou sua filha, pelo fogo a Moloch." (Almeida).
Comentando este versículo, o erudito judeu David Kimhi (1160?-1235?) diz o seguinte como possível explicação sobre Tofete:
"Nome do lugar em que eles faziam seus filhos passar pelo fogo para Moloque. O nome do lugar era Tofete, e diziam que era chamado assim porque eles dançavam e tocavam pandeiros [hebr.: tuppím] por ocasião da adoração, para que o pai não escutasse os gritos do filho quando o estivessem fazendo passar pelo fogo, e para que seu coração não ficasse agitado e ele o tirasse da mão deles. E esse lugar era um vale que pertencia a um homem chamado Hinom, de modo que era chamado de 'Vale de Hinom' e de 'Vale do Filho de Hinom'. E Josias conspurcou aquele lugar, reduzindo-o a um lugar impuro, para nele se lançarem carcaças e toda impureza, a fim de que nunca mais subisse ao coração do homem fazer seu filho ou sua filha passar pelo fogo para Moloque." (Biblia Rabbinica, Jerusalém, 1972).
Segundo nota de rodapé na Bíblia Sagrada, da Difusora Bíblica Franciscanos Capuchinhos, o termo Tofete pode significar "queimador".
Com o tempo, o vale de Hinom tornou-se o depósito e incinerador do lixo de Jerusalém. Lançavam-se ali cadáveres de animais para serem consumidos pelos fogos, aos quais se acrescentava enxofre para ajudar na queima. Também se lançavam ali os cadáveres de criminosos executados, considerados imerecedores dum sepultamento decente num túmulo memorial. Quando esses cadáveres caíam no fogo, então eram consumidos por ele, mas, quando os cadáveres caíam sobre uma saliência da ravina funda, sua carne em putrefacção ficava infestada de vermes, ou gusanos, que não morriam até terem consumido as partes carnais, deixando somente os esqueletos. Nenhum animal ou criatura humana vivos eram lançados na Geena, para serem queimados vivos ou atormentados.
"Tornou-se o depósito de lixo comum da cidade, onde se lançavam os cadáveres de criminosos, e as carcaças de animais, e toda outra espécie de imundície." — Smith’s Dictionary of the Bible (Boston, 1889, Vol. 1, p. 879.)
O Novo Comentário Bíblico, na página 779, em inglês, diz:
"Geena era a forma helenizada do nome do vale de Hinom em Jerusalém, no qual se mantinham constantemente fogos acesos para consumir o lixo da cidade. Este é um poderoso quadro da destruição final."
"Visto que alguns israelitas sacrificavam ali seus filhos a Moloque, o vale veio a ser considerado como lugar de abominação. Num período posterior foi transformado num lugar onde se jogava o lixo, e perpetuavam-se os fogos para impedir uma pestilência." — The New Funk & Wagnalls Encyclopedia (Nova Iorque, 1950, Vol. 15, p. 5576)

Como algumas traduções bíblicas vertem a palavra Geena

Alguns têm associado a palavra Hades com a palavra Geena. No entanto, pelo exposto acima e pelo conteúdo do artigo Hades, conclui-se que as duas expressões referem-se a coisas distintas. Algumas traduções tomaram a liberdade de traduzir Geena por "Inferno", conduzindo assim à ideia de um lugar de tormento ardente. Alguns exemplos são:
Bíblia Pastoral - Verte 11 vezes por "inferno" e uma vez translitera "geena" em Tiago 3:6
Almeida - Traduz as doze ocorrências por "inferno".
Tradução Padre António Pereira de Figueiredo - Traduz as doze ocorrências por "inferno".
Bíblia Sagrada, da Difusora Bíblica Franciscanos Capuchinhos - Verte 10 vezes por "Geena" e 2 por "Inferno" em Mateus 23:15 e Tiago 3:6
No entanto, algumas versões modernas, aprovadas pelo Catolicismo, Protestantismo e outras denominações cristãs, como as Testemunhas de Jeová, optaram coerentemente por usar nas doze ocorrências a transliteração "Geena". Entre essas estão:
Bíblia de Jerusalém, (2002)
Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, (1986)
Bíblia Mensagem de Deus (1983)
Bíblia Sagrada - Centro Bíblico Católico, 20ª edição, (1973)
A Bíblia - Liga de Estudos Bíblicos, (1965)
Bíblia Sagrada - Missionários Capuchinhos, (1982)
Bíblia Sagrada - Pontifício Instituto Bíblico, (1967)
Bíblia Sagrada - Matos Soares, 36ª edição, (1980)
Novo Testamento - Tradução Ecumênica da Bíblia, Edições Loyola, (1987)

Interpretação do termo Geena

Conceito do Catolicismo e Protestantismo

Tendo sido traduzido algumas vezes como "inferno", o termo Geena acabou por ser conotado com um lugar de tortura, de intensos sofrimentos, para onde são conduzidas as almas dos pecadores impenitentes, após a morte do corpo físico. Mais informações sobre as doutrinas destas denominações religiosas no artigo Inferno.

Conceito de outras denominações cristãs

O conceito das Testemunhas de Jeová, Cristadelfianos e dos Adventistas do Sétimo Dia sobre Geena é radicalmente oposto à da maioria das religiões ditas cristãs. Em harmonia com o que consideram ser a evidência bíblica, Geena ou o Vale de Hinom pode servir apropriadamente de símbolo de destruição, mas não de ardente tormento consciente. As Testemunhas de Jeová, os Cristadelfianos e os Adventistas do Sétimo Dia argumentam que um Deus de amor jamais iria condenar a uma eternidade de sofrimento quem foi pecador apenas por algumas décadas. Afirmam ainda que, quando os israelitas queimavam seus filhos vivos, naquele vale, Deus disse que algo tão horrível nunca lhe subira ao coração, conforme Jeremias 7:30-31:
"Pois os filhos de Judá fizeram o que é mau aos meus olhos, é a pronunciação de Jeová. Colocaram as suas coisas repugnantes na casa sobre a qual se invocou meu nome, para a aviltarem. E construíram os altos de Tofete, que está no vale do filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e suas filhas, coisa que eu não havia ordenado e que não me havia subido ao coração." (NM)
Referem ainda as palavras do apóstolo Paulo que, ao escrever aos cristãos em Tessalónica, disse que aqueles que lhes causavam tribulação seriam "submetidos à punição judicial da destruição eterna de diante do Senhor e da glória da sua força" - 2 Tessalonicenses 1:6-9 (NM). Consideram assim que a evidência bíblica torna claro que os que Deus julga indignos de merecer a vida não sofrerão tormento eterno num fogo literal, mas sim a "destruição eterna". Não serão preservados vivos em parte alguma. O fogo da Geena, portanto, é somente símbolo da totalidade e inteireza desta destruição.
Equiparam a palavra Geena com a expressão "lago de fogo" que surge em Revelação ou Apocalipse. Segundo os seus ensinos, "o lago de fogo" não significa um lugar de tormento consciente, mas, antes, a morte ou destruição eterna. Citam a própria Bíblia em Revelação 20:14:
"E a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. Este significa a segunda morte, o lago de fogo."
Para estas denominações religiosas é evidente que este "lago" é simbólico, porque a Morte e o Inferno ou Hades, a sepultura comum ou geral dos humanos, são lançados nele. Nem a morte nem o inferno podem ser queimados literalmente. Mas podem ser eliminados ou destruídos definitivamente.
Referem que em Mateus 10:28, Jesus avisou seus ouvintes a "temer aquele que pode destruir na Geena tanto a alma como o corpo". Lembram que não se faz ali menção de tormento no fogo da Geena mas, antes, destruir na Geena. De modo que concluem que as referências à "Geena de fogo" têm o mesmo significado que o "lago de fogo", de Revelação 21:8, ou seja, a destruição, "a segunda morte", da qual não há ressurreição ou retorno.
As Testemunhas citam inclusivamente o periódico católico Commonweal, onde o articulista Joseph E. Kokjohn reconheceu:
"O derradeiro lugar de punição, evidentemente é Geena, o Vale de Hinom, que antigamente fora um lugar onde se ofereciam sacrifícios humanos a deuses pagãos, mas em tempos bíblicos já se havia tornado o depósito de lixo da cidade, um monturo à beira de Jerusalém. O mau cheiro, a fumaça e o fogo eram ali um lembrete constante, para os habitantes, do que acontecia às coisas que haviam servido ao seu fim — eram destruídas."
Também referem o comentário do jesuíta John L. McKenzie, no seu Dicionário da Bíblia (1965, em inglês):
"Por causa deste santuário ritualístico para sacrifícios humanos, Jeremias amaldiçoou o lugar e predisse que se tornaria um lugar de morte e de corrupção (7:32; 19:6). Este vale é mencionado, não por nome, em Isaías 66:24, como local em que os cadáveres de rebeldes contra Yahweh devem jazer. Na literatura rabínica, porém, o fogo eterno não é certamente punição eterna. A Geena é um lugar em que os iníquos são destruídos de corpo e alma, o que talvez reflita a idéia de aniquilação (Mt 10:28)."

Conceito do Judaísmo

O conceito rabínico, judáico, segundo impresso em The Jewish Encyclopedia (Enciclopédia Judaica), reza como segue:
"No dia de julgamento final, haverá três classes de almas: as dos justos serão imediatamente inscritas para a vida eterna; as dos iníquos, para a Geena; mas as daqueles cujas virtudes e pecados se equilibrarem baixarão à Geena, e flutuarão para cima e para baixo até que se ergam, purificados."


Essa é a Bendita Promessa:

" E muitos dos que dormem no pó da terra, ressucitarão, uns para avida eterna, e outros para vergonha e despreso eterno. Daniel. 12. v. 2 ... e João 5. v. 28 e 29 Não vos maravilheis disso, porque vem a hora, em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua vóz, . E os que fizerem o bem sairão para aressurreição da vida, e os que fizeram o mal, para a condenação...

"Cristo morreu pelos nossos pecados... foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras." (I Coríntios 15:3,4).

O Reino de Deus já está presente e atuante.



A IGREJA NO PLANO ETERNO


DIFERENÇA ENTRE REINO E IGREJA


O Reino de Deus abrange toda a criação.
A Igreja abre o sentido espiritual para, mas não é o Reino.
Jesus ensinou a orar: “Venha o Teu Reino”, porque a Igreja aguardava a chegada do Reino. Mateus 6:10.

Cristo, em muitas ocasiões, identifica a Igreja com o Reino: “Dar-te-ei as chaves do Reino”, refere-se à Igreja. Mateus 16:19.

O período em que o Reino dos Céus se confunde com a Igreja, começa no pentecostes - Instalação oficial da Igreja, organização, e se encerra com a percepção espiritual da atuação do mesmo hoje e na segunda vinda de Cristo quando será instalado para sempre o Reino Eterno. Nesse tempo, não existirá mais a Igreja, nem haverá mais necessidade de orar “Venha o Teu Reino”, porque o Reino chegou, com a participação notória da Igreja.

No Reino Milenar a vontade de Deus será realizada na terra, voluntariamente, como os anjos a cumprem nos céus.

A Igreja como Reino, tipifica a realeza de Cristo, exercendo os ofícios de Rei, Sacerdote e Profeta.

O Reino é dom escatológico, é herança da Igreja. I Coríntio 6:9 e 15:50.

João Batista pregava:
“Arrependei-vos, porque é
chegado o Reino dos céus”. Mateus 3:2.

Jesus pregou o Evangelho e ordenou à Igreja que também pregasse o Evangelho do Reino até a chegada do Fim. Mateus. 4:23; 9:35 e 24:14; Marcos 1:14.
Sobre o Reino Jesus disse:

“... é chegado o Reino dos Céus”. Mateus 4:17b.

“... é chegado a vós o Reino dos Céus”. Mateus 12:28b.

“... o Reino de Deus está próximo”. Marcos 1:15b.

“... a vosso Pai agradou dar-vos o Reino”. Lucas 12:32b.

“... O Reino de Deus não vem com aparência exterior”. Lucas 17:20b.

“... o Reino de Deus está entre vós”. Lucas 17:21b.

“O meu Reino não é deste mundo”. João 18:36.

Os apóstolos testificam sobre a natureza espiritual do Reino.

“O Reino de Deus não é comida nem bebida,
mas justiça, e paz, e alegria no Espírito”. Romanos 14:17.

“O Reino de Deus não consiste em palavras,
mas em virtudes”. I Coríntio 4:20.

PROMESSAS PARA A IGREJA

· Segurança. Mateus 28:20 e João 14:16.
· Libertação. João 8:32.
· Intimidade. João 10:14-15; 15:7; Malaquias 3:16-17; I Pedro 3:12; Mateus 11:25 e Salmos 25:14.
· Santidade. Hebreus 12:10 e I João 3:2-3.
· Livramento da tribulação pelo arrebatamento. Apocalipse 3:10 e I Tessalonicense 4:17.