sábado, 27 de março de 2010

O desejo de curar


Ouve-se dizer que, a certa altura muitas meninas que cursam o ensino fundamental sonham em ter um cavalo. Também ouvimos que quase todos os meninos adolescentes envolvidos com esportes sonham em competir nas Olimpíadas ou jogar nos principais times de futebol, basquetebol, voleibol e outros. Entretanto, apenas uma pequena porcentagem de garotas e rapazes realizam seus sonhos.


De modo semelhante, talvez seja verdadeiro que grande parte das pessoas que já alcançaram alguma cura na Ciência Cristã sinta o desejo de curar outros, embora somente pequena porcentagem realize esse sonho da forma como gostariam.


Esse fato levanta algumas questões: Por que uma simples cura na Ciência Cristã inspira o desejo de curar outros? Por que tão poucos realizam esse desejo? Como esse desejo pode ser concretizado?


Por que aparece esse desejo?


Enquanto olho pela janela do meu estúdio neste exato momento, do outro lado da rua uma cerca de forsítias, popularmente conhecidas como “sino dourado”, está em pleno florescer. O dia está nublado, mas mesmo com a luz reduzida, as flores amarelas irradiam e vibram como uma imensa fogueira ao ar livre.


A forsítia não faz tudo isso sozinha. Um botânico diria que as leis materiais da natureza é que fazem isso acontecer, mas é muito mais do que isso. Para o Cientista Cristão, que discerne as ideias espirituais onde os objetos materiais parecem estar, ou seja, para o pensador espiritual dedicado ao estudo da metafísica que “reduz as coisas a pensamentos e substitui os objetos dos sentidos pelas idéias da Alma” (Ciência e Saúde, p. 269), a forsítia é uma ideia divina governada pelas leis de Deus, as quais fazem com que ela desabroche em cores espirituais vibrantes.


Acontece algo semelhante com o desejo de curar outros na Ciência Cristã. O anseio que uma simples cura desperta em nossos corações não provém de nós mesmos. Nós não geramos esse sentimento, que é o mais terno dos afetos. Um psicólogo talvez possa sugerir uma explicação humana, mas ele se equivoca. Para o Cientista Cristão, cujo coração é invadido repentinamente por uma ternura anteriormente desconhecida, é o poder do Espírito Santo, a chama do Cristo, o amor de Deus por toda Sua criação, que resplandece nele. Desejamos curar porque não podemos deixar de fazê-lo. O amor puro que trouxe a cura inclui um desejo natural e irreprimível de compartilhá-lo. Os dois estão unidos tal como a luz e o calor. Somos como uma criança pequena que sorri espontaneamente quando seu pai entra na sala. Somos como a forsítia que resplandece e o vaga-lume que lampeja naturalmente. Deus está operando em nós “tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Filipenses 2:13). Devemos nos sentir tranquilos com esse desejo e permitir que Deus o nutra.


Toda cura na Ciência Cristã envolve uma descoberta ou uma revelação, algumas vezes modesta, outras vezes grandiosa, a respeito do cosmos espiritual além da matéria. É a maior de todas as descobertas; maior e mais profunda do que a do astrônomo que vislumbrou uma nova galáxia e irrompe em alegria ao compartilhar esse achado com o mundo, ou a revelação de um físico que, ao fazer cálculos matemáticos, testemunha o aparecimento de uma nova partícula e, consequentemente, está ansioso por comunicar a novidade aos colegas.


A descoberta espiritual na Ciência Cristã é maior do que todas essas outras, uma vez que ela se constitui no discernimento, para além da própria matéria, da verdadeira substância espiritual. É o discernimento daquilo que é invisível à matéria. Essa descoberta acompanha a cura pela Ciência Cristã, porque na Ciência Cristã a cura está fundamentada na compreensão espiritual, e revela o que verdadeiramente existe no lugar onde parece estar a matéria. É a compreensão da realidade cósmica. Além disso, traz consigo o que poderia ser chamado de reverência ao amor, o desejo premente de compartilhar essa descoberta com outros, por meio da cura. Esse desejo não deve nos causar surpresa, uma vez que é muito natural. Alguns desejariam proclamá-lo em alta voz, por cima dos telhados, como disse recentemente um amigo. Outros gostariam de simplesmente ser guiados por Deus às experiências que lhes permitam silenciosamente compartilhar, por meio da cura, até mesmo uma pequena porção daquilo que vislumbraram. Mas para todos, ele é o amor mais altruísta. Não tem como objetivo o reconhecimento pessoal ou proveito próprio. É para a glória de Deus.


Jesus disse simplesmente: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5:17).
 

Mary Baker Eddy foi igualmente inspirada por esse amor e colocou sua sensibilidade nestas singelas palavras:

“Orando, quero o bem fazer

Por Ti, aos Teus,

Pois vens amor oferecer

Conduz-me, Deus!”

(Hinário da Ciência Cristã, 253)


Por que esse desejo nem sempre se realiza?


A maioria das crianças está sujeita à competição, sob vários aspectos; por exemplo: ao ser empurrada para o lado por outra criança que queira entrar primeiro no ônibus, pelo desejo de ser escolhida em primeiro lugar para participar de um jogo ou de se sentar mais perto do contador de histórias. Costuma-se dizer que isso é da natureza humana, mas quando eu era garoto, meu pai era criador de cães da raça cocker spaniels e, mesmo os filhotinhos que mal conseguiam enxergar, competiam entre si na hora de mamar.


A competição é algo intenso na vida humana e se estende até à fase adulta. Até mesmo os discípulos competiam entre si para saber quem era o maior diante do Mestre (ver Marcos 9:33, 34), e a esposa de Zebedeu tentou promover seus dois filhos junto a Jesus (ver Mateus 20:20–23). Mas o que importa não é apenas quem possui o maior equipamento de transporte ou a maior fazenda, quem mora na maior casa, quem é eleito para o cargo mais elevado ou quem é o corredor mais rápido nos 100 metros. No nível mais profundo, não seria uma questão de quais são as ideias que devem dominar?
 

Toda tendência do pensamento humano, dirigida ao que é bom, moral e puro, honesto e inteligente, progressivo e nobre, encontra resistência. Tudo o que é melhor do que as normas atualmente aceitas da matéria encontra oposição como se fosse uma ameaça ao status quo da matéria. O Apóstolo Paulo chamou a oposição ao Cristo, ou à amorosa Verdade de Deus de que todas as coisas são espirituais, de mente carnal, ou a insistência mesmérica de que a matéria e suas leis governam o universo.


Para aqueles que anseiam praticar a cura pela Ciência Cristã, a oposição da mente carnal é particularmente intensa. A razão é que a teologia da Ciência Cristã fere de forma muito mais profunda e eficaz as teorias da matéria do que quaisquer outros conceitos. Ela expõe a falsidade da matéria na ciência, na teologia e na medicina. Em arrogante autodefesa, esses sistemas resistem à Ciência Cristã de forma mais persistente e sutil do que aos sistemas competitivos do pensamento fundamentado na matéria. Os Cientistas Cristãos descobrem que sempre que fazem o bem em níveis espirituais, o mal parece estar exatamente ali, opondo-se ao bem, como uma bola lançada ao ar que tem de retornar. Até parece que, quanto maior o nosso amor em servir, mais insistentes são as distrações do mundo. Certa vez, um praticista me disse que quando tinha um trabalho metafísico especialmente importante a fazer para um paciente, se distraía pensando em quanta gasolina seu carro tinha!


Essas distrações, que nos afastam do terno amor do Cristo, são denominadas por Mary Baker Eddy de magnetismo animal. Esse é o termo científico cunhado por ela para se referir às investidas, por meio de tentações do pensamento, de enfraquecer nossa afeição natural pelo bem, substituindo-a por uma atração pelo mal. Vai além da mera competição, pois é um ataque aberto. Ou é malicioso com relação à santidade ou ignora a santidade. A forma maliciosa não apenas reprime o desejo do Cientista Cristão de curar outros, mas tenta prejudicá-lo nesse processo. A forma ignorante é apática demais para valorizar o bem e indolentemente prefere o mal.


Se nosso pensamento for invadido por argumentos de que não conseguiremos sustentar a nós mesmos e à nossa família se nos dedicarmos à cura pela Ciência Cristã ou de que não tenhamos compreensão suficiente para curar outros, ou de que nunca conseguiremos atrair pacientes, esses argumentos são sugestões óbvias do magnetismo animal. São também sugestões mentirosas. Deus sustenta o que Ele inspira. Cada uma dessas sugestões é uma rude oposição ao desejo natural de curar por meio do sistema que Deus deu ao mundo pela Ciência Cristã, que é o Consolador que Jesus prometera (ver João 16:7). Tudo o que se opõe ao cumprimento da profecia do Mestre é oposto a Deus e ao Seu Cristo e não possui nenhuma autoridade verdadeira.


Como esse desejo pode ser realizado?


Se ainda não encontramos um mentor na prática da Ciência Cristã, ou se não temos confiança em nossa habilidade para curar, o terno amor de Deus compensará essas limitações tão certo quanto o nascer do sol. “O amor jamais acaba” nos prometeu o Apóstolo Paulo em 1 Coríntios 13:8. Se ainda não compreendemos como aceitar sabiamente os pacientes, ou como equilibrar a lei humana com os estatutos divinos, ou a razão pela qual não tentamos misturar o tratamento da Ciência Cristã com sistemas inferiores, ou a diferença entre oração científica, tratamento espiritual e manipulação mental, podemos encontrar todas as respostas em Ciência e Saúde. Nada é deixado sem resposta nesse livro que tem por objetivo a total orientação do sanador espiritual, aquele que cura somente pela oração. Além disso, muitos podem ser apoiados pelo Curso Primário de Ciência Cristã, ministrado por um professor autorizado de Ciência Cristã, o qual se anuncia na revista The Christian Science Journal, e em O Arauto da Ciência Cristã.


A questão é que cada desejo sincero e humilde de curar outros é despertado nos Cientistas Cristãos por Deus, e é sustentado e cumprido por esse mesmo Deus. É como a força que faz com que a forsítia floresça, que envia a chuva e a luz do sol para alimentar as flores. “Não temais ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino” (Lucas 12:32).


Sem dúvida, o desejo de abençoar outros por meio do amor e da cura pelo Cristo pode ser inteiramente protegido. O sistema da Ciência Cristã não é mais impotente diante do mal ignorante ou funesto do que a luz do sol é diante de uma nuvem carregada, nem a primavera pode ser detida pelo inverno. A lei e o amor de Deus são supremos sobre toda sugestão do mal. “O mal não é supremo; o bem não é impotente; nem são primárias as assim chamadas leis da matéria, nem é secundária a lei do Espírito” (Ciência e Saúde, p. 207).

 
O desejo de curar pela Ciência Cristã é um desejo sagrado que provém de Deus. O Deus que impele esse desejo o sustenta e o realiza para aqueles que confiam nEle. A Ciência Cristã ensina que Deus é todo-poder; portanto, o mal é impotente a despeito da forma que pareça ter. O mal não exerce mais influência do que os fantasmas, que são reconhecidos por pessoas inteligentes como algo imaginário. Nenhum deles jamais teve qualquer influência real. Se alguém acreditar neles, esse alguém tem apenas que despertar para a verdade de Deus como o tudo, e ele se liberta, tal como quando despertamos de um sonho noturno.


A Ciência Cristã possui um desígnio universal. Ela foi enviada por Deus para salvar toda a humanidade, todas as pessoas, do mal. Não é uma teologia feita pelo homem, e que se esforça em explicar os mistérios cósmicos do bem e do mal. Não é uma arma de brinquedo de teorias humanas contra uma besta enfurecida de dominação material, nem uma frágil cabana para nos proteger de um violento furacão. É o porto seguro da humanidade. É a mensagem final e divinamente inspirada da cura espiritual, diretamente de Deus para o homem, e que define toda a realidade. Sua descobridora é Mary Baker Eddy, que a compreendeu melhor do que qualquer outra pessoa da sua ou da nossa época. Ela descreveu sua descoberta desta forma: “Não é uma investigação sobre a sabedoria, é sabedoria: é a destra de Deus abarcando o universo, — todo o tempo, espaço, imortalidade, pensamento, extensão, causa e efeito; constituindo e governando toda identidade, individualidade, lei e poder" (Miscellaneous Writings 1883–1896, p. 364).

A cura espiritual é o cerne da Ciência Cristã. Mary Baker Eddy fundou a Igreja de Cristo, Cientista, e convocou todos os seus membros a se tornarem sanadores (ver Manual de A Igreja Mãe, p. 92). O desejo de curar outros é tão natural aos Cientistas Cristãos como o desejo que um pássaro tem de cantar e de uma forsítia de florescer. Quem quer que seja receptivo a esse desejo está respondendo a um chamado de Deus e está salvo. Nenhum mal existe que possa se opor, retardar ou frustrar o plano de Deus aos Seus pequeninos, que somos todos nós!
 

Tom Black é Praticista e Professor de Ciência Cristã. Também é membro de O Conselho de Diretores da Ciência Cristã, e mora em Chestnut Hill, Massachusetts, EUA.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Livre de Limitações


Maria Elvira Drummond



Gosto das ideias que a Ciência Cristã me proporciona a respeito da condição da mulher! Ciência e Saúde declara: “O homem e a mulher, coexistentes e eternos com Deus, refletem para sempre, em qualidade glorificada, o infinito Pai-Mãe Deus” (p. 516).
Essa conclusão me propiciou o fundamento espiritual para discernir minha verdadeira identidade, como filha de Deus, e reivindicar para mim a igualdade de direitos entre os sexos. Apesar do progresso significativo em relação ao reconhecimento dos direitos da mulher no Brasil, vejo que ainda há um grande abismo entre o padrão ideal e as atitudes com as quais às vezes nos deparamos. Entretanto, as verdades da Ciência Cristã me ajudaram a vencer a discriminação sexual, especialmente quando fiquei viúva, e percepções equivocadas e injustas a mim dirigidas tentaram limitar minhas oportunidades e habilidades.

Ao iniciar essa nova fase em minha vida, também ponderei profundamente esta passagem da Bíblia: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27). A ideia de que cada um de nós é tão perfeito e bom quanto Deus, nosso Criador, traz profunda libertação. Percebi que não precisava temer ou aceitar qualquer tipo de concepção equivocada sobre mim mesma ou sobre meu gênero e comecei a afirmar as qualidades que eram minhas como reflexo do Divino: inteligência, capacidade, coragem, força, originalidade, diligência e assim por diante. Na verdade, essas qualidades sempre me pertenceram, mas agora era o momento em que necessitava me tornar mais plenamente consciente delas.
Há alguns anos, vivenciei situações desconfortáveis em assuntos relacionados a negócios, em que identifiquei traços ocultos de discriminação contra a mulher. Após o falecimento do meu marido, encontrei-me, de repente, gerenciando uma padaria, juntamente com seu sócio. Depois de alguns meses nesse trabalho, totalmente novo para mim, ficou evidente que meu sócio receava que eu não tivesse capacidade de gerir o negócio, julgando que eu não seria capaz de satisfazer a todas as exigências que o trabalho demandava. No início, essa nuvem de desconfiança começou a minar meu entusiasmo e autoestima com sentimentos de inferioridade, inaptidão e falta de conhecimento. No entanto, tudo o que eu aprendia com o estudo da Ciência divina me ajudou a enfrentar e vencer essas barreiras.

Daquela época em diante, decidi seguir estas instruções de Jesus: “Lançai a rede à direita do barco e achareis” (João 21:6), o que para mim significou agir a partir do ponto de vista da minha capacidade dada por Deus. Logo recuperei minha confiança. Em um determinado momento, deparamo-nos com uma situação difícil, em que um dos funcionários entrou com um processo trabalhista contra nossa empresa. Meu sócio ficou especialmente perturbado pelo fato de ter de comparecer diante de um juiz. Como se tratava de uma situação muito delicada, meu sócio entendia que ele deveria nos representar, pois o conflito exigia muita estabilidade emocional e firmeza. Eu lhe disse que poderia lidar com a situação, uma vez que me sentia bem preparada e tranquila. Compareci à audiência sozinha. O processo teve um desdobramento melhor do que se esperava. O juiz elogiou nossa empresa pelo baixo registro de processos trabalhistas e fez um acordo favorável a ambas as partes.
Ciência e Saúde afirma: “Cidadãos do mundo, aceitai a ‘liberdade da glória dos filhos de Deus’ e sede livres”! (p. 227).

Desde aquela ocasião, essa afirmação permanece em meu coração para sempre!



Maria Elvira é Praticista da Ciência Cristã em Belo Horizonte, MG.

terça-feira, 2 de março de 2010

Uma igreja que cura

Loubert Milani Junior

Certo domingo estava com minha família em uma cidade fora do Brasil e, em um ponto de ônibus, observamos que uma senhora segurava um exemplar de O Arauto e outro das Lições Bíblicas Semanais. Fizemos contato e ela nos disse que estava retornando do culto de uma igreja da Ciência Cristã e se regozijava muito, pois voltara àquela igreja depois de quase 30 anos. Contou-nos que durante esse tempo tinha perdido a alegria e que chorava quase todos os dias. Naquela manhã, decidiu ir à igreja e comentou a transformação que lhe ocorreu. Estava maravilhada com todo o bem encontrado ao voltar para a igreja naquele dia, e se sentia extremamente feliz e grata.
O que faz com que a cura, o bem-estar e o “óleo de alegria” sejam tão presentes nas igrejas da Ciência Cristã? Primeiro, a atmosfera elevada e de paz, apoiada pelas orações científicas dos membros, advinda da Palavra lida do púlpito: a Bíblia e Ciência e Saúde, o Pastor dual e impessoal da Ciência Cristã. Esse ambiente é a manifestação do azeite que simboliza a caridade e abundância do bem divino. Outro ponto de grande importância é a predisposição a receber, compreender e viver essa mensagem, ser receptivo a esse “azeite”, ou “óleo”, definido por Mary Baker Eddy como “consagração; caridade; doçura; oração; inspiração celestial (Ciência e Saúde, p. 592).
Às vezes, as pessoas ficam tão sugestionadas com pensamentos de carência, desespero, doenças e dor, que se lhes torna difícil perceber o “azeite”, o suprimento, sempre presente, em suas vidas. A Bíblia relata a história da viúva de um dos discípulos dos profetas a qual clamou ao profeta Eliseu, antes de os credores buscarem seus filhos para serem escravos, como pagamento de uma dívida. Eliseu disse a ela: “...Dize-me o que é o que tens em casa. Ela respondeu: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite. Então, disse ele: Vai, pede emprestadas vasilhas aos teus vizinhos; vasilhas vazias, não poucas. Então, entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o teu azeite em todas aquelas vasilhas; põe à parte a que estiver cheia”. Assim fez a mulher. “Cheias as vasilhas, disse ela a um dos filhos: Chega-me, aqui, mais uma vasilha. Mas ele respondeu: Não há mais vasilha nenhuma. E o azeite parou” (ver 2 Reis 4:1-7).
Eliseu fez com que ela percebesse que já tinha em casa, em sua consciência, o azeite, ou seja, a inspiração que lhe daria o suprimento necessário, pois naquele momento seus pensamentos estavam tão cheios de medo, carência e pobreza, que não a deixavam perceber o bem presente. Após ouvir o profeta e obedecer-lhe com a ajuda dos filhos, sua inspiração foi multiplicada e o azeite, o amor divino de maneira tangível, preencheu as muitas “vasilhas vazias” do pensamento.
O azeite é derramado sem limites à medida da disponibilidade das vasilhas e só para de jorrar, quando todas estão cheias. Quanto mais recipientes vazios, maior será a plenitude ou preenchimento; quanto mais a nossa consciência estiver livre de limitações, mais receberemos do Cristo em nossa experiência.
A profunda lição que recebemos do profeta é a de ver o cuidado, a providência e o auxílio do Senhor, sempre presentes a Seu povo. Eliseu demonstrou a abundância à viúva pobre. Ele recomendou que buscasse “vasilhas vazias”, o que, para mim, representa libertar-se de ressentimentos, tristezas, críticas e limitações, para que o azeite jorrasse, ou seja, para que a inspiração divina ocupasse lugar no pensamento da viúva e assim ela percebesse a manifestação divina, com sua necessidade já suprida.
As atividades da Igreja da Ciência Cristã, quer sejam os cultos, a Escola Dominical, a Sala de Leitura, as reuniões inspirativas, as Assembleias de membros ou as Conferências ajudam a esvaziar “vasilhas” cheias de sofrimento, doenças, medo, justificação própria, egotismo, carência, toda espécie de sentido material que oculta a beleza e bondade espirituais. É preciso desnudar o erro. “Paixões, egoísmo, falsos apetites, ódio, medo, toda sensualidade, cedem à espiritualidade, e a superabundância do ser está do lado de Deus, o bem. Não podemos encher vasilhas já cheias. É preciso primeiro esvaziá-las” (Ciência e Saúde p. 201).
Certa vez, ao buscar minha mãe para comparecer a uma Assembleia da nossa igreja filial, encontrei-a muito mal, com tristeza e depressão devido a problemas de relacionamentos familiares que a deixaram profundamente magoada. Mesmo bem abatida e desanimada, resolveu ir para cumprir com seus deveres de membro da igreja. Posso testemunhar sua cura no final da reunião; ela estava totalmente livre, alegre, expressando plenitude de vida! Essa experiência comprovou que as atividades da igreja curam e abençoam a todos, inclusive os que cuidam da parte administrativa. O pensamento dela foi modificado pelo “óleo da alegria”, que preencheu seu coração com amor e genuína gratidão pela igreja e pelo trabalho dos membros que abençoam a comunidade local e todo o mundo. As assembleias das igrejas da Ciência Cristã, em vez de simplesmente discutir fatores humanos e materiais, são oportunidades para boas reflexões metafísicas, e essa atmosfera promove a cura.
Cristo Jesus nos ensinou a ter esperança em Deus e a demonstrar o bem divino diariamente. Ao colocar seus ensinamentos em prática, mantemos o pensamento cheio desse bem e desfrutamos da herança de filhos de Deus. Mary Baker Eddy escreveu: “Amados Cientistas Cristãos, conservai vossa mente tão cheia de Verdade e Amor, que o pecado, a doença e a morte nela não possam entrar” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 210).


Encontrar o “óleo da alegria” é uma realidade nas igrejas da Ciência Cristã. A cura é inevitável!


Loubert mora com a esposa e a filha em São Paulo, SP.