terça-feira, 31 de agosto de 2010

Uma simples mudança de pensamento

O programa de rádio El Heraldo (edição de O Arauto em espanhol), entrevistou José Rodríguez Peláez, de Málaga, Espanha. José se dedica à cura espiritual como Praticista da Ciência Cristã e profere conferências públicas sobre esse tema.

 

El Heraldo: Qual foi o impacto que a Ciência Cristã teve em sua vida?

José Rodríguez Peláez: Assim que obtive o livro Ciência e Saúde, precisei colocar em prática o que estava aprendendo com sua leitura, pois minha esposa recebera um diagnóstico de que estava com uma doença fatal. Os médicos disseram que ela viveria apenas alguns meses. No entanto, após ter orado durante seis meses e recebido tratamento espiritual de um Praticista da Ciência Cristã, ela foi completamente curada. Os médicos consideraram essa cura um milagre.

El Heraldo: O que isso significou para você?

JRP: Veja, durante muitos anos trabalhei como psicoterapeuta em Málaga, e era muito respeitado em meu campo profissional. Eu era bem sucedido financeiramente, tinha propriedades e levava uma vida saudável. Quando minha mulher recebeu o diagnóstico médico de que tinha uma doença incurável e, em seguida, foi curada pela oração da Ciência Cristã, passei a questionar minha vida profissional. Ficou claro para mim que estivera trabalhando no campo da saúde por amor pelas pessoas, contudo, aqui estava eu, ainda tratando meus pacientes da maneira tradicional, em vez de tratá-los pela oração. Compreendi que minha resistência à mudança na forma como trabalhava provinha do receio de que não receberia provisão suficiente. Pareceu-me que se eu mencionasse aos meus pacientes o que havia acontecido em minha vida, eles pensariam que eu havia perdido minha sanidade mental e que, consequentemente, deixaria de ganhar os honorários necessários à minha subsistência.

Entretanto, acabei chegando à conclusão de que o mesmo Deus que havia curado minha esposa, era também o meu sustento. Cristo Jesus ensinou a necessidade de se ter consciência do governo de Deus. Ele disse: “...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33). Aceitei essa promessa integralmente e decidi dedicar minha vida à Prática Pública da Ciência Cristã. Continuo vivendo confortavelmente, com a diferença de que minha esposa e eu desfrutamos muito mais a vida. Também enfrentamos momentos em que tivemos de reconhecer que Deus é fiel à Sua promessa.

El Heraldo: Existe algum caso específico que você queira nos contar?

JRP: Sim. Há três anos, tivemos de enfrentar algumas despesas consideráveis para as quais não tínhamos os recursos necessários. Portanto, minha esposa e eu começamos a orar, alicerçando nossa oração no fato de que Deus sempre cumpre Suas promessas, como garantem as primeiras páginas do Gênesis, nas quais lemos que Deus fez tudo bom e que criou o homem à Sua imagem e semelhança. Espiritualmente, somos o homem da criação de Deus. Uma vez que Ele é tanto infinito como o Tudo-em-tudo, Ele é toda substância. Já temos tudo o de que necessitamos, porque esse “tudo” é parte integrante do nosso ser. O fato é que somos uma criação divina, a própria imagem de Deus, a própria Vida. Essa é uma lei que não depende de nós, mas opera infalivelmente, da mesma maneira que o sol aparece todas as manhãs.

Ora, minha esposa possuía alguns terrenos nas montanhas e, durante um período de 12 anos ela desejava vendê-los, mas não havia compradores. De acordo com as leis da Espanha, os lotes eram pequenos demais para construção. Portanto, só poderiam ser utilizados para agricultura. Certo dia, contudo, recebemos um telefonema de um senhor que queria comprar as terras e nos ofereceu um preço muito bom. Embora estivéssemos muito felizes com a oferta, achamos que ele deveria estar equivocado. Como não queríamos lhe causar nenhum dano, fomos conversar pessoalmente para deixar claro que ele não poderia construir um imóvel na propriedade. Ele disse que estava ciente desse fato, mas que essa terra valia muito para ele, e acabou comprando todos os terrenos e pagando uma quantia três vezes maior do que estávamos necessitando.

El Heraldo: Fale-nos um pouco sobre o que a oração significa para você.

JRP: Geralmente confundimos oração com implorar, recitar ou pedir. A verdade é que Deus não sabe nada sobre meu problema, ou que eu necessite de algo que esteja faltando em minha vida. Para mim, a oração consiste em reconhecer o que já está aqui.

A Bíblia contém uma passagem em que Hagar é expulsa de casa, está vagando sozinha no deserto com seu filho Ismael e eles estão morrendo de sede. Ela decide se volver a Deus para ouvir uma mensagem ou inspiração divina, que chamaríamos de anjo, e que a fizesse perceber o que é de fato verdadeiro, que o que ela necessitava já estava presente. Então, ela descobre uma nascente de água que ela não conseguira ver antes.

Algumas vezes, parece que estamos em um mundo de sombras, privados da luz de Deus, enquanto que, na presença da luz solar, tudo desabrocha, existe luminosidade e alegria. Orar é precisamente se volver a Deus e perceber a realidade espiritual que não provoca medo ou preocupação, mas paz e alegria. A realidade nos ajuda a ver que já temos tudo, porque somos filhos de um Pai-Mãe terno e amoroso.

El Heraldo: O que você está dizendo aqui é interessante, pois significa que quando enfrentamos situações difíceis, o bem já estava presente em nós, apenas não o havíamos percebido.

JRP: Exatamente. O bem é a única coisa que sempre esteve e está presente, o mal nunca existiu ou existe. Entretanto, algumas vezes precisamos de coragem e firmeza para reivindicar esse bem. Lembro-me de um amigo que estava indo bem, tinha um emprego em um grande banco que lhe pagava um alto salário. No entanto, cada vez que eu o via, ele me dizia o quão infeliz e deprimido estava nesse trabalho. Perguntei-lhe o que gostaria de fazer, e ele respondeu que, na verdade, gostaria de ser artista e tocar sua guitarra. Perguntei-lhe por que ele não fazia isso, e ele respondeu que não podia ganhar a vida dessa forma.

Esse é o problema. Acreditamos que a fonte de suprimento é algo separado de Deus, algo que temos de ganhar com nosso próprio esforço. Mas um emprego não é a verdadeira fonte de suprimento, é apenas uma oportunidade para refletir as qualidades que Deus nos deu.

Por um bom tempo não ouvi mais falar do meu amigo, até que, alguns anos depois, disseram-me que ele tinha saído do banco e estava feliz ganhando a vida tocando guitarra em concertos. Em outras palavras, todo o bem, a fonte de suprimento, é Deus, que sempre o havia acompanhado, mas como estava buscando o bem em outro lugar, ele se sentia infeliz e escravizado, uma vez que não fazia o trabalho que realmente gostava. Todos nós temos algo de maravilhoso para oferecer ao mundo, e nosso sustento não provém do suor do nosso rosto. O suprimento é realmente o sorriso de Deus.

El Heraldo: Alguém talvez possa argumentar que existe um Deus que nos sustenta, mas que as leis da economia dizem o contrário.

JRP: Posso imaginar Jesus, cercado por mais de cinco mil pessoas. Ele sente compaixão por essa multidão de pessoas, porque já é tarde e haviam estado com ele há várias horas, estão com fome e não é seguro dispensá-los em tais condições. Ele se volta para seus discípulos e diz: “...Dai-lhes vós mesmos de comer...” (Lucas 9:13). Seus discípulos lhe dizem que têm apenas cinco pães e dois peixes, e que isso não é suficiente para alimentar tanta gente. Em outras palavras: “Temos tão pouco, como é que conseguiremos resolver tantos problemas”? É exatamente isso que o panorama econômico nos diz hoje: “Como é que vamos resolver tantos problemas com os parcos recursos que temos em mãos”?

Então, Jesus toma os pães e os peixes, eleva o pensamento acima de todas as limitações que nos oprimem, reconhece que a abundância do bem já está presente para todos e alimenta a multidão.

Jesus considerou esse desafio uma oportunidade para que a luz, a verdade, reaparecesse; para que o medo se dissolvesse e o terno cuidado de Deus se manifestasse. Mary Baker Eddy escreveu: “Na relação científica entre Deus e o homem, descobrimos que tudo o que abençoa um, abençoa todos, como Jesus o mostrou com os pães e os peixes — sendo o Espírito, não a matéria, a fonte do suprimento” (Ciência e Saúde, p. 206).
 

El Heraldo: Portanto, orar é se volver para essa fonte mais elevada...

JRP: Exatamente. Há uma citação no livro Miscellaneous Writings (Escritos Diversos) 1883–1896, de Mary Baker Eddy, que, para mim, resume o que estamos falando. O trecho diz: “Deus vos dá Suas ideias espirituais e elas, por sua vez, vos dão o suprimento diário” (p. 307). O que se segue é interessante: “Jamais peçais para amanhã; é suficiente o fato de o Amor divino ser uma ajuda sempre presente; e se esperardes, jamais duvidando, tereis tudo o de que necessitais, a cada momento” (Ibidem, p. 307).

Orar é se volver para a fonte divina de suprimento, é abençoar, o que significa dizer boas palavras, anunciar o bem. A fim de dizer coisas boas, primeiro, temos de pensar coisas boas. Precisa haver uma mudança de mentalidade, porque quando pensamos de forma temerosa não pensamos na atmosfera da verdade espiritual, na realidade do Amor, na qual só existe confiança e harmonia. Pensar no bem é pensar como Deus pensa, é saber que tudo já existe, já está pronto. Quando pensamos dessa forma, os problemas são resolvido.

José Rodríguez Peláez, de Málaga, Espanha, se dedica à cura espiritual como Praticista da Ciência Cristã e profere conferências públicas sobre esse tema.

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