quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Vida Transformada

Desde minha infância, sempre ouvira falar sobre preconceito e racismo: Papai não gostava que eu falasse com certos vizinhos por determinados motivos, na escola as meninas ricas não brincavam com as pobres e as brancas não se misturavam com as negras. Pessoas deficientes eram discriminadas.
Quando completei cinco anos, meu pai quis que eu fosse morar com seus parentes. Eu sofria de bonquite asmática e talvez eles me cuidassem melhor, pois moravam em uma cidade com mais recursos. A família que me criou, contudo, dizia que eu era muito feia e que ninguém nunca iria gostar de mim. Também vivenciei discriminação no internato feminino em que iniciei minha alfabetização, onde me rotulavam com todos tipos de apelidos pejorativos. Quanto mais eu me entristecia, mais o problema se agravava.
Na fase adulta, enfrentei muitos desafios, pois eu era insegura e cheia de complexos. Eu não conseguia me centrar, era extremamente tímida e me achava inferior a todos. Também tinha desmaios repentinos e constantes.
Eu não progredia no trabalho e algumas vezes deixei de aceitar promoções a cargos de supervisão por achar que não seria capaz de exercê-los. Como tudo dava errado, eu pensava: “sou uma inútil mesmo, bem que me diziam e estavam certos”! Esses pensamentos me causaram muitos problemas, pois tudo o que sentimos de errado reflete-se em nossa vida.
Hoje, vejo que o preconceito gera um estado mental de completa insatisfação e insegurança, produz timidez, escraviza e limita. As pessoas responsáveis pela educação de crianças não têm ideia de como o cultivo de preconceitos de vários tipos e proporções pode causar graves problemas emocionais. Depois, não percebem que “um jovem problemático” é consequência do que eles mesmos cultivaram durante a infância daquele adolescente.
Jovens que não sabem como lidar com suas debilidades a fim de vencê-las, sentem-se fracos pelo massacre de informações distorcidas a seu respeito, e levam anos para compreender a realidade e beleza da vida na pureza e na essência dos valores espirituais.
Eu não gostava da vida que levava, mas quando comecei a estudar a Ciência Cristã, em 1981, percebi que seus conceitos me livrariam das ideias erradas que nutria sobre mim mesma.
Compreendi que eu não precisava sofrer com os apelidos e conceitos errados sobre mim mesma, mas que tinha autoridade para vencê-los, pois Deus criou todos os homens e mulheres à Sua imagem e semelhança, com domínio sobre o mal e a injustiça.
Assim, comecei a me libertar aos poucos de preconceitos e a selecionar companhias pelo tipo de pensamento que nutriam. Também aprendi a gostar mais de mim mesma, a me achar bonita, a ser mais gentil com outras pessoas. Acima de tudo, passei a amar a todos de forma incondicional, independentemente de qualquer desagrado, porque compreendi que Deus não faz acepção de pessoas por raça, religião ou cultura. Formamos todos uma só família, somos filhos do mesmo Pai.
Encontrava neste versículo bíblico alento e força para meu crescimento espiritual: “O Senhor é longâmino e grande em misericórdia, que perdoa a iniqüidade e a transgressão, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta gerações” (Números 14: 18). Entendi que meu pai e as pessoas que me educaram eram inocentes. Além disso, como Deus não criou o mal e não castiga, eu não precisava sofrer pelos conceitos errados de outras pessoas a meu respeito.
A oração também contribuiu para que eu melhorasse meu relacionamento com meus familiares. No ano passado, minha tia me pediu perdão pela forma como havia me tratado no passado. Fiquei muito grata pela nobreza de espírito que ela expressou.
Edifiquei-me como pessoa, conquistei meu espaço na sociedade e adquiri equilíbrio emocional. Antes a insegurança não me permitia dar um passo sem antes perguntar a opinião de terceiros. Agora, procuro somente a orientação de Deus antes de tomar qualquer decisão. No trabalho, meus colegas e meu patrão passaram a me respeitar. Hoje, considero-me uma pessoa feliz.
Consegui prover uma educação equilibrada para meus filhos, que também estudam a Ciência Cristã. Fico feliz quando vejo que há jovens que procuram pensar por si mesmos para galgar seus espaços no mundo. Afinal, orar e buscar orientação em Deus é tudo o que se precisa para viver uma vida correta e boa. O humano é muito falho e limitado, por isso é bom desenvolver a espiritualidade, de forma a trazer à luz a natureza espiritual do homem.
Em Ciência e Saúde, aprendi esta importante lição: “A Verdade eterna está transformando o universo. À medida que os mortais se desfazem das fraldas mentais, o pensamento se expande em expressão” (p. 255). Assim, fui descobrindo e expressando gradativamente as qualidades inerentes ao meu ser espiritual e perfeito.
O preconceito é um mal que aprisiona a humanidade, é devastador. É preciso livrar-se o mais rápido possível desse mal, que procura impedir que o homem veja quão maravilhosa é a criatura que Deus criou, para ser livre e feliz. Deus dá a cada um a capacidade para pensar e fazer as escolhas corretas.
Sempre procuro me volver a Deus para sentir a certeza em atitudes sábias, cuidando para não agir de forma que venha a desdenhar de meu próximo, governantes, empresas ou instituições, pois tudo e todos fazem parte da obra inteligente e perfeita de Deus.
A Ciência Cristã me despertou para minha verdadeira identidade, revelou-me a liberdade e a beleza da vida que expresso, como filha amada de Deus.


Teresinha mora em São Paulo, SP, onde trabalha em uma empresa de purificadores de água.

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