sábado, 2 de maio de 2009

Na lei divina não há superstição

É tarde da noite. Já faz horas que o sol se pôs no horizonte e não se vê mais nenhum sinal dele. A única luz é a elétrica. Contudo, será que alguém duvida que a luz do sol reaparecerá novamente no dia seguinte? Ainda que o dia seja chuvoso ou nublado, sabemos que o sol está por trás das nuvens, fornecendo luz e calor. Temos certeza disso porque conhecemos a lei universal do movimento dos astros, pela qual a terra gira em volta do sol e sobre si mesma. Confiamos nessa lei, apoiamo-nos nela para esperar a luz do dia.No entanto, houve povos antigos que temiam os eclipses de sol, pois achavam que o astro-rei estava sendo “engolido” por algum monstro. Houve povos que achavam que o sol devia despender muita energia para vencer as trevas todos os dias e, por isso, precisava ser “fortalecido” com o sangue de sacrifícios humanos. Hoje, nós entendemos que esses temores eram fruto da ignorância, aqueles povos não conheciam as leis da astronomia. Dizemos que eram apenas superstições.A palavra “superstição” vem do Latim susperstare que significa “estar apoiado ou firmado sobre”, e a palavra superstitionis designava a “observação escrupulosa de alguma prática que seja objeto de terror religioso”.Embora não sintamos nenhum medo dos eclipses de sol, porque nos apoiamos nas leis da astronomia, não é raro ouvirmos pessoas mencionarem todo tipo de superstições, antigas ou modernas: entrar com o pé direito, vestir-se de branco no Ano Novo, bater em madeira para afastar o azar, ter medo da sexta-feira 13 ou do mau-olhado, crer que determinados sonhos sejam maus presságios, etc. A lista pode variar de um país para outro, ou mesmo de pessoa a pessoa. Muitas vezes, o que “dá azar” para um, “dá sorte” a outro. Há pessoas que criam suas superstições particulares com base em associação de idéias: usar uma determinada roupa que “deu sorte” em outra ocasião, colocar junto ao corpo determinado símbolo religioso, e assim por diante. O denominador comum de todas essas “práticas escrupulosamente observadas” é o medo. Medo de fazer ou medo de não fazer determinada coisa; medo do que vai ou não vai acontecer. Sobre o que as pessoas “se apoiam ou se firmam” para sentir esse medo e procurar esconjurá-lo?A Christian Science nos ensina a começar todo raciocínio com Deus, Ele é onipotente, ou seja, tem todo o poder e não resta nenhum poder para o que quer que seja diferente dEle. Deus, o Amor, instituiu leis espirituais que garantem o bem para todas as Suas criaturas. Leis fixas e inabaláveis que produzem continuamente a harmonia, tão certamente como o sol nasce a cada manhã. Essas leis produzem e garantem a harmonia simplesmente porque Deus é perfeito, Ele é o perfeito Amor. São leis universais que abrangem a todos, assim como a luz do sol é para todos.Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy diz: “A compreensão, por pouca que seja, do Todo-poder divino, destrói o medo e firma os pés na verdadeira vereda—a vereda que conduz à ‘casa não feita por mãos, eterna, nos céus’ ” (p. 454). Mais adiante, no mesmo livro, ela define o reino dos céus como “O reinado da harmonia na Ciência divina; o reino da Mente infalível, eterna e onipotente...” (p. 590). Portanto, para destruirmos o medo e chegarmos a esse reinado da harmonia, precisamos compreender, ainda que em pequeno grau, que Deus, o Pai infinito, tem todo o poder. Ele é o único Legislador, isto é, as únicas leis que regem nossa vida são as leis que Ele instituiu.Será que o Pai pode ter feito uma lei pela qual certos dias do ano seriam ruins? Dias em que o bem, o próprio Deus, estaria ausente ou impotente? Acaso é possível que o Pai tenha determinado que Seus filhos deveriam se vestir de determinada cor para obter Seu amor? Ou será que o Espírito supremo e único pode ter dotado algum objeto material do poder de atrair as bênçãos que, em realidade, o Pai está sempre dando a todos os Seus filhos? Seria uma lei inteligente determinar que o filho de Deus que não possuísse tal objeto ficaria excluído de Suas bênçãos?Quando dizemos: “Fulano teve sorte”, estamos dizendo: “Deus tem filhos favoritos, o bem não é para todos.” Quando pensamos: “Que azar!” estamos em realidade afirmando: “Deus não esteve presente nesse momento.” Ambos os casos estão fundamentados em mentiras a respeito de Deus.Sempre que nos apoiamos em leis que Deus não instituiu, estamos sendo supersticiosos. Podemos nos perguntar: “Que lei é essa em que acredito? Pode uma lei assim ser o produto da Mente inteligente que cria e governa o universo?” Se começamos nosso raciocínio com tudo o que sabemos sobre Deus, temos uma peneira adequada para eliminar todo tipo de superstição. Dessa maneira, estaremos nos protegendo também das superstições de outras pessoas, pois invocamos as leis divinas que protegem a todos.Temos tudo a ganhar quando cultivamos nosso conhecimento de Deus, nosso Pai-Mãe. Conhecendo-O bem, reconhecemos quais leis são verdadeiras e quais são falsas. Como diz a Sra. Eddy no livro Ciência e Saúde: “É nossa ignorância acerca de Deus, o Princípio divino, que produz aparente desarmonia, e compreendê-Lo corretamente restabelece a harmonia” (p. 390).Esta afirmação do profeta Isaías é definitiva a esse respeito: “Porque o Senhor é o nosso juiz, o Senhor é o nosso legislador, o Senhor é o nosso Rei; ele nos salvará” (33:22). Ao reconhecer que Deus é o único legislador, livramo-nos do temor e da influência da superstição. Assim usufruímos da segurança que Deus dá a cada um de Seus filhos.

Alessandra Colombini é Praticista, Conferencista e Professora de Christian Science. Vive em São Paulo, SP.

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