sábado, 12 de fevereiro de 2011

Atenha-se a Deus


Verona T. Garcia
Frequentemente ficava receosa de que, caso aplicasse as verdades espirituais que estivera aprendendo na Escola Dominical, elas pudessem falhar e, até mesmo, deixar-me na mão. Quando outras pessoas oravam por mim, suas orações traziam resultado, mas minhas próprias orações nem sempre eram eficazes.
Entretanto, compreendi que, se eu quisesse demonstrar o poder de Deus em minha vida, tinha de realmente começar a utilizar o que estava aprendendo. Talvez eu estivesse esperando por alguma super inspiração, uma espécie de euforia que eu supunha que viria com a cura.
Mas meu professor da Escola Dominical já havia dito que não temos de ter essa sensação a fim de obter a cura. Precisamos apenas continuar nos atendo à Verdade, a Deus. Para mim, ater-se à Verdade significa manter em mente que somos bons e expressamos todas as qualidades que Deus tem, mesmo quando parece que não as temos.
Por exemplo, quando alguém se sente inseguro, posso ajudá-lo sabendo que ele já é completo; e que tudo o que ele precisa vem de Deus, portanto, não necessita prejudicar os outros, como também não deseja fazê-lo.
É importante continuar nos atendo à Verdade
É importante continuar nos atendo à Verdade porque o que mantemos no pensamento é o que vivenciamos. Se enfrentamos uma série de dificuldades, e tudo e todos falharem, necessitamos de uma rocha sólida em que nos apoiar. Para mim, essa rocha é Deus.
Agora tenho mais fé na Ciência Cristã, fé em que Deus pode me ajudar e, de fato, me ajuda. Quando bato contra algo pontiagudo ou, de alguma forma, me machuco, imediatamente me volto a Deus e me recuso a ficar impressionada com a dor ou com quaisquer sugestões sutis da matéria.
De fato, tive sintomas de resfriado que desapareceram quando persisti em saber que Deus me fez perfeita e que nada jamais poderia mudar esse fato, e que a matéria é impotente e irreal. Ou, no caso de dores de cabeça, elas não perduram por muito tempo e não impedem minhas atividades normais, como acontecia em outras ocasiões. Consequentemente, defendo a Verdade, ao invés de sucumbir ao medo e à autopiedade.
O verdadeiro indivíduo, o filho de Deus, no final se mostra como realmente é
Também pratico a Ciência Cristã em meus relacionamentos. Aprendi que, se enxergarmos as pessoas apenas como elas decidiram ser vistas, teremos muitos problemas. É mais fácil ficar irritado, frustrado, ser repelido, e assim por diante. Portanto, eu rejeito quaisquer coisas ruins que o mundo possa dizer das pessoas, mesmo quando estão evidentes diante de mim, pois descobri que o verdadeiro indivíduo, o filho de Deus, no final se mostra como realmente é.
Certa vez, tive aulas de arte com um rapaz a quem algumas pessoas descreveriam como um delinquente. Ele faltava na maioria das aulas, sempre tinha de ter um professor especial para atendê-lo, intimidava as pessoas, enfim, uma variedade de coisas estranhas. Meus colegas de classe ora o ignoravam, ora pediam que ele parasse ou calasse a boca, sempre em um tom defensivo ou agressivo.
Costumava pensar que, se os outros alunos mostrassem a ele um pouco de compaixão, ele não seria tão irritante. Quando ele pegou minha caixa de lápis e minhas coisas, tentando me provocar, eu simplesmente lhe pedi que me devolvesse, sem ser rude e sem medo. No início, ele continuou com minhas coisas, mas finalmente as devolveu para mim.
Notei que quando ele fez a mesma coisa com outra garota e ela reagiu com certa raiva, ele bateu em seu braço antes de ir embora. Aprendi que, muitas vezes, quando esperamos que alguém proceda de maneira indesejável, isso de certo modo o priva da chance de ser bom.
Percebi, então, que ele ficou bem mais gentil, sendo, às vezes, até prestativo
A maioria das pessoas não via o rapaz com bons olhos, porque ele se comportava daquela maneira e parecia desleixado. Mas alguns de nós conversávamos com ele naturalmente, como fazemos com nossos amigos, e o tratávamos como um rapaz normal. Percebi, então, que ele ficava bem mais gentil, sendo, às vezes, até prestativo.
Acho que todos apenas desejam se sentir amados. Quando respeitamos as pessoas, vendo-as como boas porque Deus as criou boas, elas sentem isso e, inevitavelmente, retribuem esse tratamento. Portanto, sempre que o via pelos corredores, eu lhe dizia: “Oi” e, quando ele retribuía meu cumprimento, sua aparência maldosa simplesmente desaparecia, porque essa aparência não o representava, não era ele realmente. O verdadeiro eu dele é bom, capaz de amar e de fazer o bem.
Naquele mesmo ano, outro colega de classe e eu começamos a conversar mais e a passar mais tempo juntos. Durante os primeiros estágios da nossa amizade, passei por momentos difíceis. Eu não o conhecia muito bem, como também não sabia como lidar com ele. Quando me sentia magoada e frustrada (e ele provavelmente nem mesmo sabia disso), eu me volvia a Deus, recusando-me a ficar com raiva, revidar ou condená-lo.
Suponho que isso possa ser chamado de amor, tal como ágape, a palavra grega para amor fraternal. Em parte, amar significa ver nos outros o bem que eles refletem de Deus. Nós continuamente nos atemos a isso, buscamos por isso e reconhecemos que é a única verdade a respeito deles. Portanto, embora eu não conhecesse bem esse rapaz, já sabia tudo o que eu realmente precisava saber.
Ficamos bons amigos
Adivinhem o que aconteceu? Eu abri o caminho! Aquelas barreiras de indiferença e apatia que ele mesmo se impôs não duraram muito, e ele começou a ser mais aberto, mais ele mesmo. Ficamos bons amigos, e ele se tornou mais generoso e compreensivo.
Durante um momento de muita sinceridade, ele me disse que se sentia diferente quando estava comigo, pois eu o compreendia. Pelo que consegui depreender, ele estava muito grato, e eu também! Antes de terminarmos as aulas desse ano, ele, um tanto encabulado, disse-me que se sentia uma pessoa melhor. Consegui apenas sorrir, sabendo que tudo o que eu fizera foi ver quem ele sempre fora, o homem criado por Deus, e eu sou muito grata por isso.
Várias vezes tenho comprovado que, quando escolho ver as pessoas como Deus as vê, elas correspondem de uma maneira positiva. É realmente importante para elas que alguém se dê ao trabalho de penetrar por baixo das camadas humanas que todos nós podemos, de alguma maneira, acumular e, às vezes, não sabemos como removê-las.
Um novo ano começou, e vou ter muitas oportunidades para aprimorar minhas habilidades e qualidades dadas por Deus, especialmente a perspicácia. Ser perspicaz significa ter a inspiração espiritual para ver o bem em nós mesmos e nos outros, não importa o que aconteça. Como diz Sam Gamgee (personagem da trilogia “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R.Tolkien - Wikipédia) em “O Senhor dos Anéis: As Duas Torres”: “... existe algo de bom neste mundo, pelo qual é importante lutar”.
Verona mora na cidade de Winnipeg, em Manitoba, Canadá.

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