sábado, 7 de novembro de 2009

Mais do que apenas um bom relacionamento com nosso pai

J. Thomas Black
Relacionar-se bem com os outros pode ser um enorme desafio. Talvez muitos concordem em que os conflitos mais difíceis e dolorosos são os que acontecem entre pais e filhos, pessoas que realmente se amam e que, na verdade, desejam harmonia e paz. Às vezes, talvez pareça que não consigam suportar nem mais um minuto conviver com uma determinada pessoa, embora tenham de conviver na mesma casa e comer juntos, na mesma mesa.
Há um ditado que diz “o tempo cura todas as mágoas”. Isso pode até ser verdadeiro, mas somente se o tempo fizer com que o pensamento evolua na direção de Deus. Os conflitos são causados por ressentimentos muito profundos e opiniões mortais arraigadas. Algo precisa ser mudado no pensamento a fim de se adquirir mais paciência e respeito, caso contrário, os conflitos continuarão.
Desculpem-me pela franqueza, mas falo por experiência própria. Durante todo o ensino fundamental e médio, meu pai e eu tivemos um relacionamento de amor e ódio intenso e crescente. Achei que melhorasse quando eu partisse para a faculdade. Contudo, mesmo muitos anos depois, sempre que estávamos juntos saíam faíscas. Já era ruim o bastante para nós dois, mas especialmente árduo para minha mãe.
Tinha de mudar meu pensamento a respeito de meu paiApós uma briga particularmente penosa , desejei mais do que nunca ficar livre desses enfrentamentos. Pela primeira vez, parei de justificar meu comportamento e passei a aceitar o poder que a oração tinha para curar a situação. Então, uma percepção surpreendente e radical me sobreveio: tinha de mudar meu pensamento sobre meu pai, sem levar em consideração o que ele pensava e falava a meu respeito. Senti que precisava fazer essa mudança imediatamente e me lembrei de uma pequena estratégia que um amigo havia me sugerido havia alguns anos e que me ajudaria a colocar em prática minha intenção.
Do lado esquerdo de algumas folhas de papel escrevi, com uma palavra, os defeitos que eu achava descreviam meu pai. Essas palavras eram explícitas e detalhadas. Nas mesmas linhas, à direita, escrevi o exato oposto desses defeitos, e ponderei se as qualidades opostas não seriam o que Deus sabia a respeito de meu pai. Por exemplo, para egoísmo escrevi altruísmo. Ao lado de intolerância, amor e assim por diante, o que levou algum tempo.
Quando acabei, rasguei as folhas verticalmente ao meio, joguei a parte esquerda no incinerador do hotel onde estava hospedado naquela viagem de negócios. Guardei as informações do lado direito da folha.
Deus fez com que eu soubesse que Ele havia criado meu pai para me amarEu estava como Jacó, lutando com uma impressão falsa a respeito de Esaú, e Deus havia me ensinado o suficiente para que me dispusesse a admitir que Seu amor por meu pai era meu pensamento verdadeiro sobre ele, e não as sugestões desprezíveis que eu havia permitido se mascarassem como se fossem meus próprios pensamentos, durante tantos anos. Cheguei mesmo a compreender que Deus criara meu pai para me amar, um conceito radical e, mais ainda, que Deus fizera com que eu soubesse que Ele havia criado meu pai para me amar.
Ao longo dos dias subsequentes, revisava várias vezes por dia aquela lista de amor, o que me proporcionava uma alegria reconfortante. Meu pensamento mudara completamente. Jesus certa vez disse: “Arrependei-vos...” (Mateus 4:17), e foi exatamente essa influência do Cristo ou a Verdade de Deus agindo em meu pensamento que me permitiu mudá-lo. Dentro de poucos dias, passei realmente a admirar meu pai.
Depois que o simpósio empresarial do qual participava terminou, passei alguns dias na casa dos meus pais. Meu pai e eu nos entendemos muito bem. Não houve sequer uma única palavra amarga. Permanecemos amigos pelo resto de sua longa vida, conversando e dando muitas risadas nos frequentes telefonemas e visitas. O interessante é que outro membro da família, e que havia tido uma desavença com ele, disse que meu pai era agora um homem mudado. Eles também estabeleceram um relacionamento cordial.
Deus ama a todos nósEle realmente nos ama e Se relaciona conosco harmoniosamente. Aproximarmo-nos mais dEle significa que também nos aproximamos mais uns dos outros. É natural e correto deixar que a Verdade de Deus, o Cristo, transforme nossos pensamentos e traga a paz. Mary Baker Eddy, em Ciência e Saúde, disse: “Um só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações; constitui a fraternidade dos homens; põe fim às guerras...” (Ciência e Saúde, p. 340).
Pais e filhos não brigarão para sempre. As nações não estarão em guerra constante. Existe um poder chamado Amor divino, ou Deus, que transforma o universo por meio da Ciência do Cristo, o Consolador prometido, ou Ciência Cristã. À medida que a humanidade aceitar o Cristo, ficará cada vez mais claro que a luta está condenada, e que a paz está assegurada. Existe um caminho, e o mesmo Cristo, que me guiou rumo à paz com meu pai, irá guiar-nos para a paz com o nosso mundo.

Tom Black é membro do Conselho de Diretores da Ciência Cristã, e Praticista e Professor de Ciência Cristã em Boston, Massachusetts, EUA.

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