segunda-feira, 24 de maio de 2010

O que é o amor ?

Numa sala de aula um aluno levantou-se repentinamente e perguntou à professora:

- Professora, o que é o amor?

A professora sentiu que o aluno merecia uma resposta imediata à questão, mas como estava na hora do recreio, pediu a quatro alunos que dessem uma volta e trouxessem o que mais neles despertasse o sentimento de amor.

Ao voltarem para a sala de aula, disse a professora:

- Quero que cada um mostre o que trouxe consigo.

O primeiro aluno apresentou-se:

- Eu trouxe esta flor; ela é linda como o amor.

O segundo levantou a voz:

- Eu trouxe esta borboleta, com as asas cheias de cores, ricas de encanto como o amor.

O terceiro completou:

- Eu trouxe este passarinho que caiu do ninho. É terno como o amor.

O quarto aluno permaneceu em silêncio, vermelho de vergonha, por não ter trazido nada.

A professora dirigiu-se a ele e perguntou:

- Então querido, não trouxeste nada?

Ele respondeu timidamente:

- Professora, eu vi a flor e senti o seu perfume; pensei em arrancá-la, mas preferi deixá-la na roseira, para que outros sentissem o seu perfume. Vi também a borboleta, leve e colorida; ela parecia ser feliz, livre para voar. Não tive coragem de aprisioná-la, roubando-lhe a liberdade. Vi, ainda, o passarinho, caído entre as folhas; mas, ao subir à árvore, reparei no olhar triste da sua mãe e resolvi devolvê-lo ao ninho. Portanto, professora, trago comigo o perfume da flor, a liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos da mãe do passarinho. Como posso mostrar aquilo que não vemos?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

ANJOS

Leia abaixo três traduções diferentes do artigo Anjos, de Mary Baker Eddy, e escolha a que você mais gosta.

ANJOS


(Tradução livre, usando o pronome "você")


Quando anjos nos visitam, não ouvimos o roçar de asas, nem sentimos o toque emplumado do peito de uma pomba, mas reconhecemos a presença deles pelo amor que criam em nossos corações. Ah, espero que você sinta esse toque, – não é um aperto de mão, nem a presença de uma pessoa amada; é mais do que isso: é uma idéia espiritual que ilumina o seu caminho! O Salmista diz: "Deus mandará que os anjos dele cuidem de você*." Deus lhe dá Suas idéias espirituais, e elas, por sua vez, lhe dão o suprimento diário. Nunca peça para o dia de amanhã: é suficiente que o Amor divino seja uma ajuda sempre presente; e se você esperar, jamais duvidando, terá tudo o que você precisa, a cada momento. Que gloriosa herança nos é dada mediante a compreensão do Amor onipresente! Mais não podemos pedir, mais nós não queremos, mais não podemos ter. Essa doce garantia é um "Acalma-te, emudece" a todos os temores humanos, a todo tipo de sofrimento.


*Trecho do Salmo 91 na Bíblia - Nova Tradução na Linguagem de Hoje.


ANJOS


(Tradução livre, usando o pronome "tu")


Quando anjos nos visitam, não ouvimos o roçar de asas, nem sentimos o toque emplumado do peito de uma pomba, mas reconhecemos a presença deles pelo amor que criam em nossos corações. Ah, espero que sintas esse toque, – não é um aperto de mão, nem a presença de uma pessoa amada; é mais do que isso: é uma idéia espiritual que ilumina o teu caminho! O Salmista diz: "Aos Seus anjos dará ordens a teu respeito." Deus te dá Suas idéias espirituais, e elas, por sua vez, te dão o suprimento diário. Nunca peças para o dia de amanhã: é suficiente que o Amor divino seja uma ajuda sempre presente; e se esperares, jamais duvidando, terás tudo que necessitas, a cada momento. Que gloriosa herança nos é dada mediante a compreensão do Amor onipresente! Mais não podemos pedir, mais não queremos, mais não podemos ter. Essa doce garantia é um "Acalma-te, emudece" a todos os temores humanos, a todo tipo de sofrimento.


ANJOS


(Tradução oficial, usando o pronome "vós")


Quando recebemos a visita de anjos, não ouvimos o roçar das asas nem sentimos o toque do peito emplumado de uma pomba, mas reconhecemos a presença deles pelo amor que despertam em nossos corações. Almejo que possais sentir esse toque - não é um aperto de mão, não é a presença de uma pessoa querida; é mais do que isso: é uma idéia espiritual que vos ilumina o caminho! O Salmista diz: "Aos seus anjos dará ordens a teu respeito." Deus vos dá Suas idéias espirituais, e elas, por sua vez, vos dão o suprimento diário. Jamais peçais para amanhã: é suficiente o fato de o Amor divino ser uma ajuda sempre presente; e se esperardes, jamais duvidando, tereis tudo o de que necessitais, a cada momento. Que maravilhosa herança nos é dada mediante a compreensão do Amor onipresente! Mais não podemos pedir, mais não queremos, mais não podemos ter. Essa doce garantia diz: "Acalma-te, emudece" a todos os temores humanos, a todo tipo de sofrimento.


Angels


Mary Baker Eddy


When angels visit us, we do not hear the rustle of wings, nor feel the feathery touch of the breast of a dove; but we know their presence by the love they create in our hearts. Oh, may you feel this touch,—it is not the clasping of hands, nor a loved person present; it is more than this: it is a spiritual idea that lights your path! The Psalmist saith: "He shall give His angels charge over thee." God gives you His spiritual ideas, and in turn, they give you daily supplies. Never ask for tomorrow: it is enough that divine Love is an ever-present help; and if you wait, never doubting, you will have all you need every moment. What a glorious inheritance is given to us through the understanding of omnipresent Love! More we cannot ask: more we do not want: more we cannot have. This sweet assurance is the "Peace, be still" to all human fears, to suffering of every sort.


Esse artigo faz parte do livro Miscellaneous Writings 1883-1896 (Escritos Diversos). A tradução oficial em português foi publicada na revista O Arauto da Ciência Cristã.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Páscoa — todos os dias

Lois Rae Carlson

Todos os anos, no domingo de Páscoa, milhares de cristãos comemoram a ressurreição do corpo de Jesus dentre os mortos, a qual ocorreu há mais de 2000 anos. Esse acontecimento, consagrado pelo tempo, merece reconhecimento e celebração. No entanto, também é vital compreender que uma ressurreição do pensamento é uma possibilidade presente para cada um de nós vivenciar, até certo grau, todos os dias de nossa vida.


Mary Baker Eddy explicou que, sob uma perspectiva espiritual, a ressurreição pode ser compreendida como: “A espiritualização do pensamento; uma idéia nova e mais elevada da imortalidade, ou existência espiritual; a capitulação da crença material ante a compreensão espiritual” (Ciência e Saúde, p. 593).


A primeira vez em que vislumbrei o que a ressurreição significa fora do contexto religioso usual, foi certo dia no escritório, enquanto estava em pé, em frente a um armário de arquivos, olhando para um grande relógio que ficava entre minha mesa de trabalho e o escritório do meu chefe, no prédio da Prefeitura onde eu trabalhava. Eu olhava para o relógio para saber se teria tempo de trabalhar em projetos urgentes, antes do início de algumas reuniões. De repente, compreendi que essa era a pergunta errada. Minha intuição espiritual me disse que a questão mais fundamental era: “Como Deus está expressando Suas qualidades divinas neste exato momento”?


Sempre que temos um vislumbre da realidade espiritual, removemos certos blocos de pedra mentais que nos restringem


A resposta que me veio, novamente por intuição espiritual, foi: “Deus é o grande Eu Sou expressando individualidade em Sua criação”. Isso significou para mim que o grande Eu Sou, que ajudou Moisés a realizar sua obra monumental, também estava me ajudando a levar minha carga de trabalho, embora em escala muito menor. Senti a humildade que isso implicava e a graça e a ternura de Deus atuando comigo. Naquele momento de compreensão espiritual, perdi a noção de tempo e espaço. Percebi que minha identidade não era primeiramente a de uma funcionária de escritório, mas a de uma filha de Deus. Sobreveio-me um maravilhoso senso de liberdade, como se tivesse saído de uma tumba de pressão e incerteza. Não me recordo o trabalho que acabei fazendo naquele dia, mas o significado de Deus unido a mim, guiando-me ao longo daquele dia, permaneceu comigo.


Mary Baker Eddy escreveu que “a Vida real é Deus...” (Ciência e Saúde, p. 51). A Vida, portanto, não está tentando cumprir prazos. Não tenta conciliar obrigações e relacionamentos que competem entre si. A Vida é Deus, que é nosso verdadeiro ser, nossa fonte e nossa substância. Sempre que tivermos um vislumbre da realidade espiritual, os blocos de pedra mentais que nos restringem, como blocos de pedra nos encerrando em uma tumba, são, até certo ponto, removidos. Então, seguimos em frente, vivendo mais livremente nossa união com o Espírito divino, a Vida divina.


Certamente pode ser frustrante quando as crenças materiais não cedem rapidamente ou quando parecem tão arraigadas que desafiam qualquer progresso espiritual que já tenhamos feito. O embotamento mental, a fraqueza moral, a falta de inspiração e o fardo de problemas não resolvidos podem parecer muito sombrios e pesados, como se estivéssemos presos em uma tumba. Ao tratar dessa questão, Mary Baker Eddy, em seu livro Miscellaneous Writings [Escritos Diversos], perguntou: “O que é que parece ser uma pedra entre nós e a manhã da ressurreição”?


Após a ressurreição, Jesus parecia liberto de qualquer lembrança de sofrimento


“É a crença de que haja mente na matéria. Somente podemos chegar à ressurreição espiritual por abandonar a antiga consciência de que haja Alma nos sentidos” (p. 179).


A fim de vivenciar a ressurreição, ou seja, abandonar “a velha consciência” necessitamos seguir o exemplo de Jesus, que venceu todos os obstáculos mortais por sempre expressar a natureza do Cristo. Talvez possamos ser bombardeados todos os dias com a evidência material contrária à natureza perfeita, espiritual e eterna, e que Jesus tão inequivocamente demonstrou em suas obras de cura e em sua ressurreição. Contudo, podemos evitar que nosso olhar se fixe em qualquer buraco negro da materialidade e, em vez disso, podemos elevar nosso pensamento para o sentido espiritual de existência, que Jesus nos mostrou ser a única real. Ao nos empenharmos em viver de acordo com esse sentido espiritual a respeito da vida, vamos nos descobrir renovados, ressuscitados, gravitando cada vez mais em direção à evidência espiritual da Vida eterna.


Sempre me chamou atenção o fato de que, após sua ressurreição, quando Jesus falou com dois dos seus discípulos no caminho de Emaús (ver Lucas 24:13–32), ou ainda ao aparecer aos discípulos reunidos em uma sala trancada por medo dos líderes judeus (ver João 20:19–21), e também às margens do mar da Galileia (ver João 21:1–14), ele nunca se queixou por ter passado pela crucificação. Ele não falou sobre quão amedrontador foi ter ficado em uma tumba, nem como foram cruéis os soldados. Também não repreendeu severamente a covardia de Pedro por ter negado que conhecia Jesus (ver Mateus 26:69–75), nem condenou os outros por não estarem junto à cruz. Não ficou magoado nem entristecido devido à traição e ao suicídio de Judas (ver Mateus 27:3–5). Jesus expressou tal autoridade e força após a ressurreição, que parecia totalmente liberto de qualquer lembrança de sofrimento.


Não precisamos nos sentir atormentados nem viver estressados


Ao seguir o exemplo de Jesus, não precisamos ficar ruminando sobre as coisas desagradáveis que aconteceram conosco. Nem precisamos especular sobre outras adversidades que possam acontecer no futuro. Ao contrário, o Cristo, descrito no livro Ciência e Saúde como “a idéia verdadeira que proclama o bem, a mensagem divina de Deus aos homens, a qual fala à consciência humana” (p. 332), nos diz que este é o momento para vivermos na liberdade do amor todo-abrangente de Deus. O momento de honrarmos o bem como a preciosa evidência da presença e do poder de Deus. Este é o momento de abandonarmos a miséria da mortalidade e vivermos no regozijo do relacionamento com nosso Pai-Mãe Deus.


O que essa herança divina significa é que podemos parar de viver com medo. Não precisamos nos sentir atormentados nem viver estressados. Por outro lado, não existe nenhuma nuvem de tédio sobre dias vazios. A cada dia e em todos os dias o Cristo está presente em nosso pensamento para silenciar a especulação sobre as piores possibilidades, isto é, para ressuscitar o pensamento por meio de novas ideias e soluções.


Podemos parar de concordar com as limitações em nossa vida e com a inevitabilidade da velhice, decadência e morte


O poder do Cristo que Jesus demonstrou está aqui, agora mesmo, ajudando-nos a despertar do sonho de vida na matéria. Podemos parar de concordar com as limitações em nossa vida e com a inevitabilidade da velhice, decadência e morte. Quando as obrigações no lar, no trabalho ou na igreja competem entre si, podemos volver nossos pensamentos para a ordem perfeita do universo do Princípio divino, com a expectativa de que nossas agendas estarão de acordo com essa perfeita ordem. Quando sofremos devido a desapontamentos, podemos reconhecer que o Amor divino está presente, envolvendo a todos nós com terna solicitude e conforto. Quando males físicos parecem nos exaurir, podemos ficar atentos para ouvir o Cristo, atentos às divinas mensagens que anulam o sofrimento.


Sempre que nos afastamos do tédio da mortalidade e nos volvemos à gratidão pela nossa vida em Deus, vivenciamos a ressurreição, ou seja, “a capitulação da crença material ante a compreensão espiritual”. O Cristo está aqui e agora agindo como a lei divina em nossa vida, impelindo nossa libertação de todos os aspectos da escravidão mortal. À medida que seguirmos a luz do Cristo, mesmo nas experiências mais mundanas da vida, encontraremos nosso caminho, dia após dia, para fora da tumba da materialidade rumo à Vida eterna. É isso que faz com que todo dia seja um Dia de Páscoa, um dia de grande regozijo!


Lois é Praticista, Conferencista e Professora de Ciência Cristã, e mora em Chicago, Illinois, EUA.

sábado, 27 de março de 2010

O desejo de curar


Ouve-se dizer que, a certa altura muitas meninas que cursam o ensino fundamental sonham em ter um cavalo. Também ouvimos que quase todos os meninos adolescentes envolvidos com esportes sonham em competir nas Olimpíadas ou jogar nos principais times de futebol, basquetebol, voleibol e outros. Entretanto, apenas uma pequena porcentagem de garotas e rapazes realizam seus sonhos.


De modo semelhante, talvez seja verdadeiro que grande parte das pessoas que já alcançaram alguma cura na Ciência Cristã sinta o desejo de curar outros, embora somente pequena porcentagem realize esse sonho da forma como gostariam.


Esse fato levanta algumas questões: Por que uma simples cura na Ciência Cristã inspira o desejo de curar outros? Por que tão poucos realizam esse desejo? Como esse desejo pode ser concretizado?


Por que aparece esse desejo?


Enquanto olho pela janela do meu estúdio neste exato momento, do outro lado da rua uma cerca de forsítias, popularmente conhecidas como “sino dourado”, está em pleno florescer. O dia está nublado, mas mesmo com a luz reduzida, as flores amarelas irradiam e vibram como uma imensa fogueira ao ar livre.


A forsítia não faz tudo isso sozinha. Um botânico diria que as leis materiais da natureza é que fazem isso acontecer, mas é muito mais do que isso. Para o Cientista Cristão, que discerne as ideias espirituais onde os objetos materiais parecem estar, ou seja, para o pensador espiritual dedicado ao estudo da metafísica que “reduz as coisas a pensamentos e substitui os objetos dos sentidos pelas idéias da Alma” (Ciência e Saúde, p. 269), a forsítia é uma ideia divina governada pelas leis de Deus, as quais fazem com que ela desabroche em cores espirituais vibrantes.


Acontece algo semelhante com o desejo de curar outros na Ciência Cristã. O anseio que uma simples cura desperta em nossos corações não provém de nós mesmos. Nós não geramos esse sentimento, que é o mais terno dos afetos. Um psicólogo talvez possa sugerir uma explicação humana, mas ele se equivoca. Para o Cientista Cristão, cujo coração é invadido repentinamente por uma ternura anteriormente desconhecida, é o poder do Espírito Santo, a chama do Cristo, o amor de Deus por toda Sua criação, que resplandece nele. Desejamos curar porque não podemos deixar de fazê-lo. O amor puro que trouxe a cura inclui um desejo natural e irreprimível de compartilhá-lo. Os dois estão unidos tal como a luz e o calor. Somos como uma criança pequena que sorri espontaneamente quando seu pai entra na sala. Somos como a forsítia que resplandece e o vaga-lume que lampeja naturalmente. Deus está operando em nós “tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Filipenses 2:13). Devemos nos sentir tranquilos com esse desejo e permitir que Deus o nutra.


Toda cura na Ciência Cristã envolve uma descoberta ou uma revelação, algumas vezes modesta, outras vezes grandiosa, a respeito do cosmos espiritual além da matéria. É a maior de todas as descobertas; maior e mais profunda do que a do astrônomo que vislumbrou uma nova galáxia e irrompe em alegria ao compartilhar esse achado com o mundo, ou a revelação de um físico que, ao fazer cálculos matemáticos, testemunha o aparecimento de uma nova partícula e, consequentemente, está ansioso por comunicar a novidade aos colegas.


A descoberta espiritual na Ciência Cristã é maior do que todas essas outras, uma vez que ela se constitui no discernimento, para além da própria matéria, da verdadeira substância espiritual. É o discernimento daquilo que é invisível à matéria. Essa descoberta acompanha a cura pela Ciência Cristã, porque na Ciência Cristã a cura está fundamentada na compreensão espiritual, e revela o que verdadeiramente existe no lugar onde parece estar a matéria. É a compreensão da realidade cósmica. Além disso, traz consigo o que poderia ser chamado de reverência ao amor, o desejo premente de compartilhar essa descoberta com outros, por meio da cura. Esse desejo não deve nos causar surpresa, uma vez que é muito natural. Alguns desejariam proclamá-lo em alta voz, por cima dos telhados, como disse recentemente um amigo. Outros gostariam de simplesmente ser guiados por Deus às experiências que lhes permitam silenciosamente compartilhar, por meio da cura, até mesmo uma pequena porção daquilo que vislumbraram. Mas para todos, ele é o amor mais altruísta. Não tem como objetivo o reconhecimento pessoal ou proveito próprio. É para a glória de Deus.


Jesus disse simplesmente: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5:17).
 

Mary Baker Eddy foi igualmente inspirada por esse amor e colocou sua sensibilidade nestas singelas palavras:

“Orando, quero o bem fazer

Por Ti, aos Teus,

Pois vens amor oferecer

Conduz-me, Deus!”

(Hinário da Ciência Cristã, 253)


Por que esse desejo nem sempre se realiza?


A maioria das crianças está sujeita à competição, sob vários aspectos; por exemplo: ao ser empurrada para o lado por outra criança que queira entrar primeiro no ônibus, pelo desejo de ser escolhida em primeiro lugar para participar de um jogo ou de se sentar mais perto do contador de histórias. Costuma-se dizer que isso é da natureza humana, mas quando eu era garoto, meu pai era criador de cães da raça cocker spaniels e, mesmo os filhotinhos que mal conseguiam enxergar, competiam entre si na hora de mamar.


A competição é algo intenso na vida humana e se estende até à fase adulta. Até mesmo os discípulos competiam entre si para saber quem era o maior diante do Mestre (ver Marcos 9:33, 34), e a esposa de Zebedeu tentou promover seus dois filhos junto a Jesus (ver Mateus 20:20–23). Mas o que importa não é apenas quem possui o maior equipamento de transporte ou a maior fazenda, quem mora na maior casa, quem é eleito para o cargo mais elevado ou quem é o corredor mais rápido nos 100 metros. No nível mais profundo, não seria uma questão de quais são as ideias que devem dominar?
 

Toda tendência do pensamento humano, dirigida ao que é bom, moral e puro, honesto e inteligente, progressivo e nobre, encontra resistência. Tudo o que é melhor do que as normas atualmente aceitas da matéria encontra oposição como se fosse uma ameaça ao status quo da matéria. O Apóstolo Paulo chamou a oposição ao Cristo, ou à amorosa Verdade de Deus de que todas as coisas são espirituais, de mente carnal, ou a insistência mesmérica de que a matéria e suas leis governam o universo.


Para aqueles que anseiam praticar a cura pela Ciência Cristã, a oposição da mente carnal é particularmente intensa. A razão é que a teologia da Ciência Cristã fere de forma muito mais profunda e eficaz as teorias da matéria do que quaisquer outros conceitos. Ela expõe a falsidade da matéria na ciência, na teologia e na medicina. Em arrogante autodefesa, esses sistemas resistem à Ciência Cristã de forma mais persistente e sutil do que aos sistemas competitivos do pensamento fundamentado na matéria. Os Cientistas Cristãos descobrem que sempre que fazem o bem em níveis espirituais, o mal parece estar exatamente ali, opondo-se ao bem, como uma bola lançada ao ar que tem de retornar. Até parece que, quanto maior o nosso amor em servir, mais insistentes são as distrações do mundo. Certa vez, um praticista me disse que quando tinha um trabalho metafísico especialmente importante a fazer para um paciente, se distraía pensando em quanta gasolina seu carro tinha!


Essas distrações, que nos afastam do terno amor do Cristo, são denominadas por Mary Baker Eddy de magnetismo animal. Esse é o termo científico cunhado por ela para se referir às investidas, por meio de tentações do pensamento, de enfraquecer nossa afeição natural pelo bem, substituindo-a por uma atração pelo mal. Vai além da mera competição, pois é um ataque aberto. Ou é malicioso com relação à santidade ou ignora a santidade. A forma maliciosa não apenas reprime o desejo do Cientista Cristão de curar outros, mas tenta prejudicá-lo nesse processo. A forma ignorante é apática demais para valorizar o bem e indolentemente prefere o mal.


Se nosso pensamento for invadido por argumentos de que não conseguiremos sustentar a nós mesmos e à nossa família se nos dedicarmos à cura pela Ciência Cristã ou de que não tenhamos compreensão suficiente para curar outros, ou de que nunca conseguiremos atrair pacientes, esses argumentos são sugestões óbvias do magnetismo animal. São também sugestões mentirosas. Deus sustenta o que Ele inspira. Cada uma dessas sugestões é uma rude oposição ao desejo natural de curar por meio do sistema que Deus deu ao mundo pela Ciência Cristã, que é o Consolador que Jesus prometera (ver João 16:7). Tudo o que se opõe ao cumprimento da profecia do Mestre é oposto a Deus e ao Seu Cristo e não possui nenhuma autoridade verdadeira.


Como esse desejo pode ser realizado?


Se ainda não encontramos um mentor na prática da Ciência Cristã, ou se não temos confiança em nossa habilidade para curar, o terno amor de Deus compensará essas limitações tão certo quanto o nascer do sol. “O amor jamais acaba” nos prometeu o Apóstolo Paulo em 1 Coríntios 13:8. Se ainda não compreendemos como aceitar sabiamente os pacientes, ou como equilibrar a lei humana com os estatutos divinos, ou a razão pela qual não tentamos misturar o tratamento da Ciência Cristã com sistemas inferiores, ou a diferença entre oração científica, tratamento espiritual e manipulação mental, podemos encontrar todas as respostas em Ciência e Saúde. Nada é deixado sem resposta nesse livro que tem por objetivo a total orientação do sanador espiritual, aquele que cura somente pela oração. Além disso, muitos podem ser apoiados pelo Curso Primário de Ciência Cristã, ministrado por um professor autorizado de Ciência Cristã, o qual se anuncia na revista The Christian Science Journal, e em O Arauto da Ciência Cristã.


A questão é que cada desejo sincero e humilde de curar outros é despertado nos Cientistas Cristãos por Deus, e é sustentado e cumprido por esse mesmo Deus. É como a força que faz com que a forsítia floresça, que envia a chuva e a luz do sol para alimentar as flores. “Não temais ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino” (Lucas 12:32).


Sem dúvida, o desejo de abençoar outros por meio do amor e da cura pelo Cristo pode ser inteiramente protegido. O sistema da Ciência Cristã não é mais impotente diante do mal ignorante ou funesto do que a luz do sol é diante de uma nuvem carregada, nem a primavera pode ser detida pelo inverno. A lei e o amor de Deus são supremos sobre toda sugestão do mal. “O mal não é supremo; o bem não é impotente; nem são primárias as assim chamadas leis da matéria, nem é secundária a lei do Espírito” (Ciência e Saúde, p. 207).

 
O desejo de curar pela Ciência Cristã é um desejo sagrado que provém de Deus. O Deus que impele esse desejo o sustenta e o realiza para aqueles que confiam nEle. A Ciência Cristã ensina que Deus é todo-poder; portanto, o mal é impotente a despeito da forma que pareça ter. O mal não exerce mais influência do que os fantasmas, que são reconhecidos por pessoas inteligentes como algo imaginário. Nenhum deles jamais teve qualquer influência real. Se alguém acreditar neles, esse alguém tem apenas que despertar para a verdade de Deus como o tudo, e ele se liberta, tal como quando despertamos de um sonho noturno.


A Ciência Cristã possui um desígnio universal. Ela foi enviada por Deus para salvar toda a humanidade, todas as pessoas, do mal. Não é uma teologia feita pelo homem, e que se esforça em explicar os mistérios cósmicos do bem e do mal. Não é uma arma de brinquedo de teorias humanas contra uma besta enfurecida de dominação material, nem uma frágil cabana para nos proteger de um violento furacão. É o porto seguro da humanidade. É a mensagem final e divinamente inspirada da cura espiritual, diretamente de Deus para o homem, e que define toda a realidade. Sua descobridora é Mary Baker Eddy, que a compreendeu melhor do que qualquer outra pessoa da sua ou da nossa época. Ela descreveu sua descoberta desta forma: “Não é uma investigação sobre a sabedoria, é sabedoria: é a destra de Deus abarcando o universo, — todo o tempo, espaço, imortalidade, pensamento, extensão, causa e efeito; constituindo e governando toda identidade, individualidade, lei e poder" (Miscellaneous Writings 1883–1896, p. 364).

A cura espiritual é o cerne da Ciência Cristã. Mary Baker Eddy fundou a Igreja de Cristo, Cientista, e convocou todos os seus membros a se tornarem sanadores (ver Manual de A Igreja Mãe, p. 92). O desejo de curar outros é tão natural aos Cientistas Cristãos como o desejo que um pássaro tem de cantar e de uma forsítia de florescer. Quem quer que seja receptivo a esse desejo está respondendo a um chamado de Deus e está salvo. Nenhum mal existe que possa se opor, retardar ou frustrar o plano de Deus aos Seus pequeninos, que somos todos nós!
 

Tom Black é Praticista e Professor de Ciência Cristã. Também é membro de O Conselho de Diretores da Ciência Cristã, e mora em Chestnut Hill, Massachusetts, EUA.