terça-feira, 15 de setembro de 2009

O voo 447 da Air France e um salmo de consolo

Rosalie E. Dunbar

Crédito: Tony Lobl

O desaparecimento do avião da Air France na rota Rio de Janeiro-Paris deixou os especialistas em aviação confundidos e as famílias desoladas. É difícil compreender como uma aeronave, relativamente nova e bem conservada, pode repentinamente desaparecer do céu. Mesmo que as questões técnicas sejam todas respondidas, apesar do desafio de encontrar destroços nas águas do oceano que podem chegar a quase 7000 metros de profundidade, ainda haverá a necessidade de curar os corações e recuperar a esperança no futuro.
Uma das passagens que tem me ajudado é do Salmo 139: “se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (versículos 9 e 10). Esse senso da onipresença de Deus, Seu terno amor orientando cada um de Seus filhos, proporciona a garantia de que nenhum deles está fora de Seu cuidado, mesmo em tempos de tragédia. Não podemos saber como cada um reagiu ao desastre, mas nossas orações podem nos dar a confiança de que exatamente ali, nos momentos de medo, a destra de Deus os sustentou e os guiou ao reconhecimento de Sua presença consistente e consoladora.
Essas “asas da alvorada” podem representar mais do que apenas uma bela metáfora. Em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a fundadora do Arauto, Mary Baker Eddy, deu à palavra “manhã” (alvorada) esta definição espiritual: “Luz; símbolo da Verdade; revelação e progresso” (p. 591). Essa ideia de um novo começo, ao invés de um fim trágico, pode começar a volver o pensamento rumo à natureza espiritual de cada filho e filha de Deus, levados pelas asas de uma luz que nunca cessa de brilhar.
Essas asas da alvorada podem também ajudar os que ficaram para trás, capacitando-os a perceber, mesmo que somente até certo grau, que seus entes queridos são os filhos espirituais de Deus e que, exatamente como a Vida divina continua, eles continuam também. Seu Cristo, a mensagem espiritual do amor de Deus a cada um, fala às famílias da maneira como elas possam compreender. Para alguns, talvez isso signifique uma sensação de consolo; para outros, talvez seja uma orientação inspirada de como cuidar da família. Talvez seja a força necessária para enfrentar novas demandas.
O Salmo 139 também inclui versículos que ajudam a sustentar o esforço de recuperação. “Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma cousa” (versículos 11, 12).
As profundezas do oceano talvez sejam muito escuras e pareçam impenetráveis, mas a luz da Verdade, de “revelação e progresso”, pode guiar aqueles encarregados de resolver o mistério. Eles podem ser fortalecidos a persistir diante de condições desafiadoras, inspirados a adotar novos métodos para a busca, se necessário, e ser inteligentes em seus esforços por encontrar respostas. Cada um pode responder à intuição espiritual, que é natural aos filhos de Deus, a ser sábio e a estar alerta aos perigos, à medida que explorarem as profundezas.
Ao longo dos anos, os esforços na recuperação de partes de aeronaves que parecem perdidas quando um avião desaparece sob as águas, têm sido bem sucedidos. Nossa oração individual pode ajudar o pensamento inspirado a vencer o que parece ser impossível.
Quer ou não uma quantidade suficiente de peças da aeronave seja encontrada para que a razão do acidente possa ser revelada, cada pessoa merece usufruir a sensação de paz e equilíbrio. Jesus, que viveu em tempos violentos e sofreu tratamento violento, disse aos seus seguidores: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou... Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27).
Cada pessoa afligida por essa tragédia, ou por alguma outra, pode volver-se à mensagem de Vida que Jesus expôs com tanta clareza e buscar sentir essa presença crística, vivê-la e amá-la. Sempre que a tristeza, a raiva ou a amargura aparecerem, podemos nos volver à verdade da nossa espiritualidade e inseparabilidade de Deus e deixar esse terno poder permear nossos pensamentos. Então, não somente teremos paz, mas conseguiremos trazer paz aos outros.

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