quarta-feira, 22 de junho de 2011

Purificar a atmosfera mental


Muitas pessoas, ao redor do mundo, têm se empenhado em serem melhores cidadãos com relação ao meio ambiente, praticando atos que vão desde o simples fato de não jogar lixo na rua, usar menos combustível fóssil para o transporte, até o desenvolvimento de tecnologias avançadas para a conservação de energia. Entretanto, embora as pessoas e as organizações trabalhem para melhorar o ambiente físico, existe uma grande necessidade de se trazer uma purificação mental a tudo quanto fazemos. Essa purificação leva a ações que contribuem para um ambiente físico mais limpo.
Mary Baker Eddy descobriu o Consolador, prometido por Jesus, para toda a humanidade (ver João 14:16, 17, 26; 15:26: 16:7). Esse “Espírito da verdade” conforta as pessoas ao lhes mostrar o que Deus verdadeiramente é. Ele nos dá ferramentas para provarmos que a paz e a saúde pertencem a todos nós porque cada um de nós é filho de Deus, como também nos oferece ferramentas para prestarmos um cuidado mais elevado ao meio ambiente. Esse Consolador eleva a humanidade de uma noção de que a existência consiste principalmente, ou, até mesmo, exclusivamente, de coisas, pessoas e situações materiais, e da noção de que tudo gira em torno da humanidade, para o verdadeiro senso das coisas, segundo o qual o universo manifesta o Deus infinito, o Espírito.
Que o universo está centrado em Deus, não em um sentido literal, mas espiritual, é o tema principal da Bíblia. Por exemplo, embora cada um dos Dez Mandamentos (ver Êxodo 20:3–17) seja essencial, juntos eles ilustram um modo de vida que reconhece Deus como a base de tudo, e que o propósito de viver é glorificá-Lo e abençoar aos outros, ao vivermos consistentemente sob as leis de Deus. Os Dez Mandamentos corrigem a noção de que a humanidade seja o centro do universo mental, de cuja distância medimos a Deus. A orientação focada em Deus, a qual leva ao Amor divino, tem profundas implicações ambientais.
É comum as pessoas acreditarem que podem pensar o que bem quiserem, inclusive a respeito de Deus. Muitas vezes, elas assumem o ponto de vista de que sejam autônomas, portanto, capazes de agir independentemente, tanto para o bem, como para o mal. Em muitas culturas, a independência é vista quase como um valor supremo. Mas Deus não é uma “coisa” a mais que a mente humana pode considerar. Deus permanece como a fonte, a condição e o fundamento de cada pensamento inspirado.
Tanto o Antigo como o Novo Testamentos enfatizam a liberdade, não a de que a pessoa possa fazer tudo o que queira, mas a liberdade de tudo o que possa tentar impedir uma sincera consagração a Deus. A Bíblia enfatiza a libertação do egoísmo e do medo, uma condição de independência que nos permite servir aos outros.
As implicações ambientais de tal liberdade, e que acontecem como um ajuste mental radical, são profundas. Além da mudança da dependência em relação a combustíveis fósseis, para uma energia renovável e mais limpa, ou da mudança do uso de automóveis para o transporte público, essa mudança mais fundamental nos faz mudar do autocentrismo para uma centralização em Deus, e isso não apenas com relação aos combustíveis fósseis, mas também com relação à mudança da maneira egoísta e fossilizada de pensar, para uma maneira espiritual, pura, de conceber, de definir a nós mesmos, aos outros e o universo.
Muitas vezes, práticas ambientais precárias se baseiam na escassez e na limitação. Um senso limitado sobre nós mesmos, embasado em um senso finito acerca de Deus, é um tipo de poluição mental. Por exemplo, um senso limitado do bem leva ao medo da carência e gera a cobiça. Um senso limitado de poder aquisitivo pode levar ao consumismo ou ao excesso de consumo. Um senso limitado que separa o que é bom para uma pessoa ou para uma espécie, daquilo que é bom para outra leva à pobreza, às injustiças e à degradação ambiental. Entretanto, compreender Deus como o Amor infinito liberta do egoísmo e do medo. Por conseguinte, à medida que despertarmos para a natureza de Deus, o conceito do próprio ambientalismo se eleva, tornando todos os esforços mais eficazes, uma vez que foi transformado o pensamento que está na raiz dos problemas ambientais.
Fundamentar nosso pensamento e nosso viver no Consolador é ser um sanador, um purificador ou, poderíamos até dizer, um ambientalista, no sentido mais amplo da palavra, exatamente como Jesus chamou a Pedro e João para serem pescadores, mas em um sentido muito mais vasto, para serem “pescadores de homens” (ver Mateus 4:18, 19). Uma pessoa cura quando é altruísta e devotada a Deus como o bem infinito, devotada a ver cada indivíduo como o reflexo de Deus, livre e espiritual. Essa devoção separa o egoísmo, a negligência e a ignorância do indivíduo, mostrando que esse tipo de abordagem da vida não pertence nem a Deus nem a Seu reflexo.
Eis aqui um exemplo dessa purificação mental, da Segunda Igreja de Cristo, Cientista, em Brazzaville, na República do Congo. Resíduos de uma fábrica vizinha da igreja estavam poluindo a vizinhança, interferindo nos cultos da igreja e representando um risco, principalmente para os alunos da Escola Dominical. Embora todos os esforços para deter a poluição tivessem sido em vão, os membros da igreja continuaram a orar alicerçados no fato de que uma única Mente infinita, Deus, constitui a única atmosfera real do universo, envolvendo todas as suas ideias em perfeita pureza e segurança. Eles compreenderam que nenhum elemento impuro pode jamais penetrar na criação de Deus. Os membros da igreja perceberam que suas orações tinham dado frutos quando a fábrica, sem nenhuma explicação, fechou suas portas. A igreja e a vizinhança estão agora livres daquela fonte de contaminação.
Uma analogia: Um depurador de gás, isto é, um conjunto variado de dispositivos destinados a reduzir as emissões nocivas oriundas de um exaustor industrial, minimiza a poluição. Em certo sentido, ter um Deus infinito, universal, e fundamentar nossos pensamentos e ações na pureza, é ser um depurador. Uma carta, que Mary Baker Eddy escreveu a um de seus alunos, indica a importância disso com relação à cura: “Ora diariamente, nunca deixes de orar, não importa se muitas vezes: ‘Não me deixes cair em tentação’ — interpretado cientificamente — não me deixes perder de vista a total pureza, os pensamentos limpos e puros; faz com que todos os meus pensamentos e objetivos sejam elevados, isentos de ego, amorosos e humildes — voltados para o espiritual. Com essa elevação de pensamento tua mente perde materialidade e ganha espiritualidade e esse é o estado mental que cura o doente” (Robert Peel, Mary Baker Eddy: Years of Authority[Anos de Autoridade], p. 101).
A referência à doença tem relevância aqui. Seu livro, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, ensina que a doença, como toda discórdia, não é real, porque não é criada por Deus ou conhecida por Ele. Ao contrário, a mente humana parece conceitualizar a si mesma e vivenciar a discórdia. “Se crês em nervos inflamados e fracos estás sujeito a um ataque dessa procedência. Chamarás a isso nevralgia, mas nós o chamamos uma crença” (p. 392). Da mesma forma que a doença só pode ser combatida como um conceito da mente humana, os problemas ambientais só podem ser eficazmente combatidos como sendo uma crença. Se considerarmos o problema ambiental como algo criado, real ou permitido pela Mente que é Deus, então estaremos realmente engajados no pensamento limitado que é parte do problema. A solução está em compreender que “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis 1:31), e em pensar e viver consistentemente com esse fato espiritual. Reconhecer que a criação de Deus é boa e perfeita não faz com que ignoremos os problemas ambientais, mas nos proporciona a sabedoria e a inteligência para combatê-los, não a partir do ponto de vista do medo, mas com amor e devoção aos outros e, por conseguinte, de uma forma verdadeiramente sustentável.
O Amor divino nos conclama a todos a sermos depuradores, sanadores, ambientalistas, na nossa própria vida, nas nossas famílias, nas nossas comunidades e no nosso mundo. Fazer isso é seguir Jesus e provar que o Consolador está aqui para toda a humanidade!
Lyle, conhecido como Roberto, é Praticista, Conferencista e Professor de Ciência Cristã, e mora em Otawa, Canadá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário