segunda-feira, 2 de março de 2009

É possível ser um sanador.

Quando Jesus enviou seus discípulos a pregar, ele também lhes disse para curar enfermos. O que mais gosto nesse mandamento é que Jesus tinha a expectativa confiante de que os discípulos podiam fazê-lo!
Ainda me lembro quando o desejo de entrar para a Prática Pública da cura pela Ciência Cristã veio a mim, logo após a faculdade. Havia crescido estudando essa Ciência e era com prazer que me volvia a Deus, quando estava doente ou tinha outras necessidades com relação à saúde. À medida que continuava a estudar a Ciência Cristã, o impacto dessa Verdade espiritual se tornava tão maravilhoso, que percebi que o trabalho de cura em tempo integral era o caminho que desejava tomar. Tendo experimentado o poder de Deus em minha própria vida, desejava dar o próximo passo e fazer o que Jesus disse aos seus seguidores: curar os outros por meio do poder divino.
O que mais me inspirou foi uma declaração de Mary Baker Eddy em uma carta a James Neal, um jovem rapaz que havia acabado de entrar para a prática da cura em tempo integral. Ela escreveu: “A posição mais elevada que pode ser alcançada neste plano de existência é a de Sanador realmente científico” (Robert Peel, Mary Baker Eddy: “The Years of Authority”, p. 101). Ponderei sobre o que ela queria dizer com a frase: “Sanador realmente científico”. Para mim, significava discernir, com mais profundidade, o que Jesus percebia, quando ajudava aqueles que necessitavam de cura. Significava substituir a aparência material de males físicos e outros problemas, pela percepção espiritual a respeito do homem, a qual curaria aqueles em necessidade. Em outras palavras, penetrar além da superfície das coisas e descobrir a origem real da saúde e do bem-estar.
Percebi que, a fim de curar os outros, como também a mim mesmo, tinha de aceitar completamente os ensinamentos da Bíblia de que Deus é o Criador de cada um de nós. Tudo o que somos, como Sua criação, tem de estar de acordo com Sua natureza. Gosto muito da descrição que a Bíblia faz do nosso Criador como Espírito incorpóreo, perfeito Amor, Vida eterna (ver João 4:24, 1 João 4:8, Deuteronômio 30:20). Se encontrasse alguém que não estivesse expressando saúde e bem-estar, de acordo com essa natureza divina, eu precisava ver mais claramente minha própria identidade espiritual criada por Deus, como também a dos outros. Confiava em que o Espírito transmitiria a idéia correta a mim e àqueles que me pediam que orasse para eles.
A Bíblia promete que a única Mente infinita, que tudo sabe, constantemente transmite essas idéias, chamadas anjos, a cada um de nós. Essas mensagens divinas, não apenas revelam o que é realmente verdadeiro, mas também nos mostram onde e de que maneira estamos sendo enganados a acreditar em uma identidade que não corresponde àquela que Deus criou.
O mundo nos apresenta todo tipo de teorias, que sugerem as razões pela quais poderíamos ter essa doença ou aquele problema físico. Teorias talvez relacionadas à hereditariedade, contágio, idade, meio ambiente, acaso, dieta, infecção, acidente. A lista é interminável. Uma vez que tomamos conhecimento da teoria, então somos informados a respeito das prescrições ou ajustes materiais que irão contra-atacar o problema. A mídia e as conversas generalizadas são incansáveis em seus argumentos, às vezes, estrategicamente orquestrados e, em outras extremamente sutis, perpetuando a noção de que somos meros organismos materiais, que dependem de meios materiais para alcançar saúde e sobrevivência. Que campanha! Portanto, temos de estar determinados a empreender uma campanha em outra direção, ou seja, refutar toda evidência que negue a perfeita saúde que Deus, a Vida eterna, deu a cada um de nós. Para mim, fazer isso é o que nos capacita a seguir o exemplo de Jesus de ser “um sanador realmente científico”.
Isso nem sempre é fácil, especialmente quando o corpo clama de dor ou vivencia uma alteração na saúde normal. A aparência exterior diz que vivemos em um mundo material, enclausurados em um corpo material. Contudo, nunca alcançaremos nossa libertação dos males do mundo, se continuarmos a pensar nesses termos. Jesus ensinou: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça...” (João 7:24) e também: “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita” (João 6:63). Esses ensinamentos são leis espirituais, passíveis de comprovação.
Mary Baker Eddy revelou as leis espirituais que sustentavam as palavras e as obras de Jesus e ela se dedicou a demonstrar e transmitir essas leis a outros. Ela sabia, assim como Jesus, que o mandamento “curai enfermos” é possível ser cumprido por todos. Ela nos mostrou como pensar sobre nós mesmos, como os descendentes do Espírito, não da matéria. Ao exercermos esse sentido espiritual, descobrimos que orar negando a evidência da doença, não só é possível, como também é uma obrigação, se quisermos cumprir o que a Sra. Eddy diz em sua carta a James Neal, que é “a posição mais elevada que pode ser alcançada neste plano de existência”. Ela estava tão empenhada em seguir o exemplo de Jesus, que quando ela estabeleceu as quatro instruções na capa de Ciência e Saúde, “Curai enfermos” foi a primeira delas, tornando-a literalmente a primeira mensagem sobre a qual ela desejava que todo leitor de seu livro ponderasse.
Contudo, o que é que nos impede de pensar sobre nós mesmos como espirituais? Se nossa natureza inteiramente espiritual é a realidade do nosso ser, por que não desejaríamos aceitá-la, juntamente com sua promessa de saúde e liberdade? A razão é o que a Sra. Eddy denomina magnetismo animal. Magnetismo animal é o somatório de tudo o que é hipoteticamente antagônico e que se opõe a aceitar a verdade sobre a nossa natureza divina. É a crença básica falsa a respeito da realidade da matéria com seus fascínios e ameaças. Às vezes, essas crenças parecem inofensivas, em outras, parecem malévolas. Magnetismo animal é tudo quanto conduz o pensamento para fora da vida em Deus, o Espírito.
Portanto, a questão é: podemos, em última análise, ver a nós mesmos como uma consciência espiritual, ao invés de um físico material? Uma maneira que descobri de responder a essa pergunta é considerar que, mesmo aquilo que vejo como material, se constitui, em realidade, de impressões mentais. Esse foi um ponto vital na descoberta da Sra. Eddy da metafísica da Ciência Cristã, ou seja, o que parece ser matéria, não é algo separado do pensamento. É somente pensamento, muito embora esse algo talvez pareça estar objetivado materialmente. Mas a Sra. Eddy não parou por aí em seu raciocínio. Ela disse que precisamos substituir essas falsas impressões pelas eternas idéias de Deus, a Alma imortal. Ela descreveu esse processo em Ciência e Saúde: “A metafísica reduz as coisas a pensamentos e substitui os objetos dos sentidos pelas idéias da Alma” (p. 269).
Talvez pensemos que essa abordagem se assemelha à de alguns filósofos clássicos, que se esforçaram em descrever a realidade em termos inteiramente mentais. Entretanto, a Sra. Eddy foi muito mais além desse raciocínio, ao seguir Jesus em sua compreensão da Verdade. Tal como Jesus, ela trouxe uma iluminação espiritual à sua percepção da realidade. Obedecendo ao mandamento de Jesus, ela testou essa percepção, de forma prática, ao comprovar sua fundamentação através da cura. Se não formos bem além de considerar nossa experiência humana como mental, ainda estaremos consentindo com todas as ilusões do mal, que se manifestam em doença, morte, ódio e limitação.
A fim de obtermos o domínio sobre esses males, precisamos constantemente distinguir entre o que é divinamente mental e o que é mortalmente mental, entre o real e o irreal. O mortalmente mental ou falso, a consciência mortal, transmite impressões incorretas que negam a natureza harmoniosa de Deus, da Vida, da Verdade e do Amor divinos. A consciência divinamente mental (a única consciência verdadeira) consiste de idéias que expressam a natureza de Deus, a qual constitui sua única origem. Além disso, compreender a verdade dessa realidade espiritual é o que nos capacita a seguir os passos de Jesus e a curar o doente, como ele nos ordenou.
Jesus e Mary Baker Eddy esperavam que essas idéias verdadeiras fossem ativadas em um viver cristão. O Mestre disse: “Ora, se sabeis estas cousas, bem-aventurados sois se as praticardes” (João 13:17). Ciência e Saúde declara que precisamos demonstrar a natureza divina, por intermédio do cristianismo de nossas palavras e ações diárias, bem como pela Ciência de nossa compreensão. Ambas são necessárias. À medida que provarmos que a Vida, a Verdade e o Amor constituem a realidade de nosso ser, também poderemos ajudar outros a reconhecer esse fato a respeito deles mesmos.
A cura na Ciência Cristã envolve a identidade inteira do homem em sua ação inspiradora e purificadora. Essa ação resulta na eliminação dos males físicos e dos falsos traços de caráter. Essas curas confirmam o fato fundamental do ser espiritual do homem. Elas nos unem mais estreitamente a Deus e nos ajudam a vivenciar mais da nossa verdadeira natureza em tudo que fazemos e sentimos. Essa é a cura real que Jesus nos incentiva a alcançar.
Juntamente com essa cura, vem a inspiração do universo de Deus, descortinando-se para nós com sua revelação de beleza infinita e alegria ilimitada.


by Charles Ferris

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